"Se esta prática [da Uber] for autorizada, isso vai por em causa o setor [dos táxis] em Portugal, e no Algarve em particular", disse Francisco Pereira, representante no distrito de Faro da Federação Portuguesa do Táxi (FPT).

Segundo Francisco Pereira, "a Uber ainda não se instalou no Algarve, mas isso deve acontecer ainda este ano".

Cerca de 120 táxis saíram hoje de manhã do Estádio do Algarve, tendo realizado uma marcha lenta que passou no Aeroporto Internacional de Faro antes de chegar ao largo onde se localiza a câmara municipal da capital algarvia.

À chegada ao município, onde foram recebidos pelo presidente da autarquia, Rogério Bacalhau, eram cerca de 90 viaturas.

Os representantes dos taxistas entregaram ao autarca um documento onde manifestam a sua preocupação pela falta de respeito da regulamentação em vigor por parte da Uber e outas entidades.

"O objetivo da nossa manifestação é dar o máximo de informação às pessoas para que compreendam a nossa luta", disse António Pinto, delegado da Antral no distrito de Faro.

As largas centenas de milhares de turistas que o Algarve recebe todos os anos levam a que sejam muitos os que oferecem meios de transporte alternativos, principalmente a partir do Aeroporto Internacional de Faro.

"O problema são os transportes ilegais e alguns dos nossos colegas taxistas também alinham nessas práticas", disse à Lusa Joaquim Charneca, um profissional do ramo que trabalha em Lagoa.

O presidente da câmara de Faro mostrou a sua simpatia pela luta dos taxistas e comprometeu-se a entregar ao Governo o documento que recebeu.

"Não faz sentido que tenhamos concorrência sem regras. Isto cria uma enorme desregulamentação nesta atividade e o serviço pode-se deteriorar", afirmou Rogério Bacalhau, acrescentando que "o Governo tem de tomar medidas".

De acordo com dados fornecidos pela FPT, no Algarve há 423 táxis legalizados.

Durante a marcha lenta, nas janelas dos táxis estavam penduradas pequenas bandeiras com palavras de ordem como "Uber ilegal, é crime nacional", "Não à Uber" ou "Uber ilegal, é roubo nacional".

Esta iniciativa, organizada pela Antral - Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros e pela FPT, é o culminar de uma semana de luta destas duas associações para pressionar o Governo a suspender a atividade da Uber.

O serviço de transporte Uber permite chamar um carro descaracterizado com motorista privado através de uma plataforma informática que existe em mais de 300 cidades de cerca de 60 países.

Num manifesto entregue ao Governo este mês, as associações apelam à população para se solidarizar na "luta contra a Uber" e afirmam que o serviço é ilegal porque não se "submete às regras legais que em Portugal disciplinam a atividade do transporte em táxi".

A Uber afirma, contudo, que todos os seus parceiros são licenciados e "devidamente escrutinados" e admite que a empresa pode começar a distribuir serviços para táxis em Lisboa e no Porto, à semelhança do que já faz noutras cidades estrangeiras.

Na véspera deste protesto, a plataforma informou que o serviço poderá ser hoje afetado por congestionamentos do trânsito.

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