"Tenho dito, desde a campanha eleitoral, que eu serei um Presidente que une, que cuida, que protege, mas sobretudo um Presidente que vai garantir a estabilidade institucional e política, que é um recurso estratégico para o país. Vai colaborar com o Governo, com as autoridades locais, com Cabo Verde, para que encontremos as melhores soluções para o país", afirmou José Maria Neves, após reunir-se no Palácio Presidencial, na Praia, com o Presidente da República cessante, Jorge Carlos Fonseca, para preparar a transição.

José Maria Neves, antigo primeiro-ministro, de 2001 a 2016, pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, atualmente oposição), foi eleito no domingo, à primeira volta, o quinto Presidente da República de Cabo Verde, com 51,7% dos votos, de acordo com os dados do apuramento, entretanto concluído.

Segundo os dados da Direção Geral de Apoio ao Processo Eleitoral (DGAPE) e da Comissão Nacional de Eleições (CNE), José Maria Neves contabilizou 95.803 votos, com 100% das mesas apuradas, enquanto o principal opositor, Carlos Veiga, também antigo primeiro-ministro (1991 a 2000), voltou a falhar a eleição, pela terceira vez (2001 e 2006), garantindo 78.474 votos, equivalente a 42,4%.

Após este primeiro encontro com o Presidente cessante, José Maria Neves disse ainda aos jornalistas que a Assembleia Nacional deverá anunciar nas próximas horas a data da cerimónia de tomada de posse, a ter lugar "nos primeiros dias de novembro" e para a qual serão convidados todos os chefes de Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), "além de várias personalidades nacionais e internacionais".

Professor universitário, José Maria Neves, 61 anos, contou nesta candidatura com o apoio do PAICV. Já foi dirigente partidário -- presidente do PAICV e militante há cerca de 40 anos -, deputado nacional, presidente de câmara (Santa Catarina) e ministro, além de primeiro-ministro.

Após esta primeira visita ao Palácio Presidencial, José Maria Neves afirmou que é prioritário "reconstruir o país no pós-pandemia", afetado desde março de 2020 pela ausência de turismo devido à pandemia de covid-19, num setor que garante 25% do Produto Interno Bruto de Cabo Verde, e elogiou o processo de vacinação contra a covid-19 e "excelente trabalho do Governo", liderado pelo Movimento para a Democracia (MpD).

"Cabo Verde pode contar comigo, o Governo, que é escolhido pelo povo e que tem as suas responsabilidades constitucionais para governar o país, as autoridades locais, também escolhidas pelo povo, devem contar com um Presidente parceiro, um Presidente amigo, um Presidente que vai aconselhar, vai sugerir, vai trabalhar com todos para encontramos as melhores soluções para o país", garantiu.

Com o país já a constatar um novo mau ano agrícola devido à seca, José Maria Neves assume que essa é a "principal preocupação neste momento", dossiê que pretende trabalhar com o Governo, que já anunciou um programa de mitigação, e com as autoridades municipais, logo após a posse.

"Estarei em várias ilhas para precisamente acompanhar de perto essa questão, acompanhar de perto as medidas que o Governo vai tomar em relação a esta matéria", disse ainda.

José Maria Neves acrescentou que antes da cerimónia de posse voltará a reunir-se com o Presidente cessante, para concluir o processo de transição e de "troca de pastas".

"O Presidente deverá estar atento a todas as questões essenciais do país e todos os dossiês merecerão a melhor atenção do Presidente da República", concluiu.

Às eleições de domingo já não concorreu Jorge Carlos Fonseca, que cumpre o segundo e último mandato como Presidente da República.

Cabo Verde já teve quatro Presidentes da República desde a independência de Portugal em 1975, sendo o primeiro o já falecido Aristides Pereira (1975 - 1991) por eleição indireta, seguido do também já falecido António Mascarenhas Monteiro (1991 -- 2001), o primeiro por eleição direta, em 2001 foi eleito Pedro Pires e 10 anos depois Jorge Carlos Fonseca.

PVJ // VM

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