Luís Salgado de Matos, investigador jubilado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, nascido em Lisboa, em 1946, morreu na segunda-feira, vítima de doença prolongada.

"É já com saudade que evoco Luís Salgado de Matos, que conheço desde os tempos da faculdade", escreveu Marcelo Rebelo de Sousa, numa mensagem de pesar publicada no portal da Presidência da República na Internet.

Nesta nota, o chefe de Estado elogia o seu trabalho na área das ciências sociais e apresenta "sentidas e sinceras condolências" à família de Salgado de Matos, "evocando uma amizade de muitas décadas".

"Com o seu desaparecimento, as ciências sociais portuguesas perdem uma das suas vozes mais originais e influentes, que se destacou no estudo das relações entre o Estado e a Igreja, na análise do papel das Forças Armadas na sociedade e na política nacionais e, bem assim, no escrutínio do papel das ordens na estruturação do nosso Estado", considera.

O Presidente da República realça que, "além de uma intensa e profícua atividade académica e científica, Salgado de Matos exerceu cargos públicos de relevo, tendo sido secretário de Estado da Economia no Governo de Transição de Moçambique, e marcou presença, ao longo de décadas, na esfera pública portuguesa, como comentador e pensador atentamente lido e escutado, como analista crítico e independente da nossa contemporaneidade".

Luís Salgado de Matos era licenciado em Direito e doutorado em Sociologia Política pela Universidade de Lisboa.

Foi secretário de Estado da Economia do Governo de Transição de Moçambique (1974-1975), consultor do ministro da Defesa Nacional, Júlio Castro Caldas, no segundo Governo liderado por António Guterres (1999-2001), e consultor do antigo Presidente da República Jorge Sampaio (2001-2006).

Luís Salgado de Matos foi também diretor do Jornal do Comércio (1975-1976), presidente do Instituto Português de Cinema, presidente da administração do Teatro São Carlos e administrador do Porto de Lisboa (1983-1993).

Na sua obra publicada, têm especial relevo os domínios das relações entre o Estado e a Igreja e do papel político das Forças Armadas, destacando-se "O Estado de Ordens" (2004), "Como evitar golpes militares" (2008), "A separação do Estado e da Igreja" (2011) e "Cardeal Cerejeira" (2018).

É ainda autor do romance "Dra. Helena" (1990), prémio de manuscritos do Diário de Notícias.

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