Guillermo Lasso foi convocado por esta comissão, criada pela Assembleia Nacional equatoriana, para explicar sobre o dinheiro que possuía em paraísos fiscais, de acordo com as revelações do 'Pandora Papers'.

De acordo com esta investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), Guillermo Lasso controlava 14 empresas 'offshore' - a maioria com sede no Panamá - encerradas depois que o ex-Presidente Rafael Correa (2007-2017) aprovou uma lei em 2017 que proibia pessoas com empresas em paraísos fiscais concorrerem à presidência.

Dos 137 parlamentares, 105 votaram a favor da abertura de inquérito contra o Presidente conservador, para "esclarecer" se este violou "o mandato legal do pacto de ética, que proíbe candidatos e funcionários públicos de disporem de seus recursos ou seus ativos em paraísos fiscais".

Numa carta, Lasso assegurou que estava à disposição para receber os membros da comissão na sede do Governo "assim que todas as audiências previstas (...) fossem previamente aprovadas".

"Tenho o direito de saber com antecedência as acusações que foram feitas", justificou o Presidente.

Diante da recusa em se apresentar à comissão, o presidente do órgão legislativo, José Cabascango (de esquerda), encerrou a sessão de quarta-feira convocando o chefe de Estado pela segunda vez, de forma "obrigatória", para sexta-feira.

Também convocados para depor, a mulher e os filhos do Presidente não compareceram diante da comissão, alegando que não eram funcionários públicos e, portanto, não eram obrigados a estar presentes.

"Quando registei a minha candidatura à Presidência, e desde então até hoje, não violei" a proibição de posse de recursos em paraísos fiscais, assegurou o chefe de Estado na sua carta.

O ex-banqueiro reconheceu que tinha "investimentos legítimos em outros países" e que se desfez destes recursos para se candidatar nas eleições da primavera de 2021, que venceu.

Lasso ainda pediu ao gabinete do auditor-geral que realizasse uma investigação ao seu património e ainda renunciou ao segredo bancário para a investigação ser realizada.

Na América Latina, além do Presidente do Equador, foram citados no 'Pandora Papers' os líderes do Chile, Sebastian Piñera, e da República Dominicana, Luis Abinader.

No Chile, Piñera é objeto de uma investigação criminal e enfrenta a ameaça de um processo de destituição iniciado pela oposição devido à suspeita de corrupção na venda de uma concessão de mineração.

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