O índice de preços no consumidor subiu 5% em maio, em termos homólogos (comparado com o mês do ano anterior), no que foi o maior aumento em 13 anos na economia norte-americana.

Mas Powell relativizou, ao considerar que aqueles aumentos refletem uma escassez temporária nos aprovisionamentos e o facto de os preços terem caído acentuadamente na passada primavera no pico da pandemia. Isto, referiu, faz com que os números da inflação, comparados com os de há um ano, pareçam muito maiores.

"À medida que se diluem estes efeitos transitórios na oferta, a inflação deve baixar para o nosso objetivo de longo prazo", disse, no texto do testemunho preparado para ler no Congresso, entretanto divulgado.

Os comentários de Powell são feitos quando os investidores se questionam sobre as recentes decisões da Fed. Na semana passada, os dirigentes do banco central deram a entender que poderiam elevar a taxa de juro de referência por duas vezes em 2023, mais cedo do que tinham admitido em março, quando não se pensava em mexer nas taxas de juro até ao final desse ano.

No seu testemunho, Powell também adiantou que a Fed tinha começado a discutir quando e como é que o banco central poderia reduzir o seu atual programa de compra mensal de dívida pública e obrigações garantidas com colateral, no total de 120 mil milhões de dólares (cem mil milhões de euros). Estas compras visam manter baixas as taxas de juro de longo prazo, para encorajar o crédito e o consumo.

Estas possibilidades são vistas como provas de que a Fed quer indicar que está pronta para manter a inflação sob controlo, sem começar por tomar medidas que reduzam os seus esforços de estimular a economia.

Mas Powell também enfatizou que na conferência de imprensa da semana passada, depois da reunião da Fed sobre política monetária, que os participantes nem sequer discutiram qualquer subida da taxa de juro, quando a economia se encontra bem longe de estar totalmente recuperada. E a Fed garantiu que não vai começar a reduzir o seu programa de compra de ativos até que a economia tenha feito "progressos substanciais" no sentido dos objetivos de pleno emprego e inflação estabilizada abaixo dos dois por cento.

"Pensamos que estamos longe de progressos substanciais", disse Powell, na semana passada. "Mas estamos a fazer progressos", acrescentou.

Alguns dirigentes da Fed não estão completamente convencidos de que a inflação seja temporária. O presidente do banco da Fed em St. Louis, James Bullard, disse na segunda-feira que a economia está em território desconhecido, o que torna difícil saber para onde a inflação se dirige, mas acrescentou: "Temos de estar preparados para a ideia de que há riscos de aumento da inflação, que pode ser superior" aos 2,5% previstos para 2022.

Mas outros dirigentes fazem suas as palavras de Powell. O presidente do banco da Fed em Nova Iorque, John Williams, que também é o vice-presidente do comité da Fed para a política monetária (FOMC, na sigla em Inglês), afirmou que espera que as recentes subidas de preço sejam temporárias.

"Espero que depois dos desequilíbrios de curto prazo e das mudanças de preços resultantes da reabertura da economia, a inflação desça dos cerca de três por cento este ano para próximo dos dois por cento em 2022 e 2023", avançou Williams.

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