"No cenário internacional, apesar de vários fundos soberanos principais terem registado, no primeiro semestre de 2020, prejuízos e perdas de diferentes níveis, a reserva financeira da RAEM [Região Administrativa Especial de Macau] continuou a registar rendimentos de investimento na ordem dos 5,14 mil milhões de patacas [540 milhões de euros]", adiantou a Autoridade Monetária de Macau.

"Por sua vez, até finais de junho de 2020, a dimensão da reserva financeira da RAEM ascendeu a 597,85 mil milhões de patacas [63,2 mil milhões de euros]", pode ler-se na resposta enviada à agência Lusa.

Macau anunciara no início do ano uma reserva financeira de 579,4 mil milhões de patacas (61,3 mil milhões de euros), no final de 2019, mais 13,9% do que o registado até 2018.

Ou seja, em seis meses, a reserva financeira de Macau cresceu 18,45 mil milhões de patacas (1,95 mil milhões de euros), enquanto em todo o período de 2019 rendeu 30,2 mil milhões de patacas (3,2 mil milhões de euros), quando se atingiu uma taxa de rentabilidade anual de 5,6%, um novo recorde desde a criação da reserva financeira em 2012.

A reserva financeira acumulada por Macau, capital mundial dos casinos e que arrecadou no ano passado 112,7 mil milhões de patacas (11,9 mil milhões de euros) em impostos diretos sobre as receitas brutas do jogo, tem sido investida em depósitos e aplicações nos mercados financeiros internacionais ao longo dos anos.

O Governo de Macau tem "aplicações em títulos emitidos por determinados países de língua portuguesa", salientou a AMCM, sem detalhar quais as nações ou os montantes investidos.

A AMCM indicou apenas o facto de deter "Obrigações Panda emitidas pelo Estado português", numa referência aos dois mil milhões de renmimbi (o equivalente a 240 milhões de euros) em 'Panda Bonds' que Portugal colocou no mercado a três anos, naquela que foi a primeira emissão em moeda chinesa de um país da zona euro e a terceira de um país europeu.

À Lusa, a mesma entidade sublinhou que "as economias mundiais têm vindo a ser afetadas seriamente e com inúmeras flutuações acentuadas nos mercados financeiros internacionais" e que o facto de as taxas de juro baixas ou mesmo negativas nos mercados monetários "constitui, igualmente, um grande desafio para os investimentos das reservas".

Razão pela qual a AMCM "adotou estratégias de investimento mais prudentes, consubstanciadas na redução do peso de determinados ativos em ações com riscos elevados".

Uma das apostas recentes da reserva financeira de Macau incidiu no Fundo para a Cooperação e o Desenvolvimento Guangdong-Macau: o território investiu 20 mil milhões de renmimbi (2,4 mil milhões de euros), com os quais obteve rendimentos em dois anos de 400 milhões de renmimbi (48,7 milhões de euros).

Macau participa com nove cidades da província chinesa de Guangdong e Hong Kong no projeto de Pequim de criação de uma metrópole mundial com cerca de 70 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) que ronda os 1,3 biliões de dólares, maior que o PIB da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20.

JMC // PJA

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