Na faculdade União Pioneira de Integração Social, não muito longe do centro do poder do Brasil e da residencial oficial do Presidente do país, as filas para votar eram muitas, num ambiente calmo, apesar dos muitos adereços que as pessoas levavam, quer de Lula da Silva, quer de Jair Bolsonaro.

Frenado de Freitas, vestido com uma t-shirt de apoio a Lula, onde se lê "ele vai voltar", veio votar acompanhado da mulher e do filho, vestidos de vermelho.

"Eu espero que corra tudo bem e que a gente se consiga livrar desse Presidente negacionista que a gente tem aqui neste país", afirmou à Lusa, antes de votar.

Questionado sobre a possibilidade de Lula vencer já na primeira volta, como dizem as sondagens, entre as quais o instituto Datafolha, Frenado de Freitas considerou que "ainda deve ter alguma confusão", referindo-se à possibilidade de Bolsonaro não reconhecer os resultados eleitorais.

"Mas a gente está torcendo para resolver hoje", frisou, deixando uma garantia: "Se a gente não resolver hoje, a gente resolve dia 30" de outubro, data da segunda volta das eleições.

Acompanhado pelo pai de 93 anos, Jandilson Goiás, de 56 anos, deseja que não haja violência hoje. "Quem ganhar ganhou, não tem negócio de ficar procurando confusão", disse à Lusa.

O brasiliense, que não disse em quem votou, frisou ainda que hoje é dia de "escolher o melhor [candidato], não o ruim".

"Se fosse no primeiro turno, já seria melhor que acabava logo de uma vez", sublinhou, considerando contudo que nada vai ficar resolvido hoje.

"Hoje acho que não dá para resolver não, estão falando que já há um candidato que vai vencer já no primeiro turno, mas eu não estou acreditando, esse [candidato] está mais ou menos nos 49% e tem de dar 50% mais um", afirmou, referindo-se à margem de erro das sondagens que dão Lula com uma percentagem, com margem de erro, entre os 48% e os 52%.

Mais confiantes e vocais estão os apoiantes de Bolsonaro entrevistados pela Lusa. "É visível a superioridade do verde e amarelo do Bolsonaro aqui", disse Ricardo Vasconcellos, vestido com uma t-shirt amarela com a cara de Bolsonaro.

"Estamos na expectativa que a votação seja já no primeiro turno a favor do Presidente Bolsonaro", garantiu o advogado, que depois mostrou várias fotografias junto com o Padre Kelmon, que serviu de bengala de Bolsonaro durante os debates presidenciais, e junto a Daniel Silveira, deputado federal condenado a oito anos e nove meses de prisão, em abril, por graves ameaças ao tribunal e às instituições democráticas, e a quem Bolsonaro concedeu um perdão presidencial no dia seguinte.

Ricardo Vasconcellos afirmou ainda que o voto devia ser imprenso, citando uma das reivindicações de Bolsonaro que tem lançado repetidas dúvidas sobre o sistema eletrónico de votação.

"O nosso ideal é que tivesse o voto impresso, obviamente. Você votou [devia ter] a confirmação do seu voto, mas confiando na justiça brasileira, acho que a eleição do Bolsonaro é no primeiro turno", apostou.

Também Marcelo Sousa partilha da opinião de que Bolsonaro vencerá já hoje: "A nossa expectativa é a de ganhar no primeiro turno, Bolsonaro está fazendo um grande Governo e nós vamos levar isto no primeiro turno".

Na mesma linha de opinião de Bolsonaro e da sua campanha, o empresário de 68 anos não acredita nas sondagens que dão ao atual Presidente cerca de 36% das intenções de voto.

"As sondagens (...) É tudo comprado, o que manda é a nossa expectativa de ganhar no primeiro turno", sublinhou.

Horas antes, depois de votar, o Presidente brasileiro voltou a lançar críticas às sondagens que colocam Lula da Silva com 50% dos votos, o suficiente para vencer já à primeira volta. "O que vale é o 'datapovo'", disse, num trocadilho de palavras recorrentes na campanha, em relação ao instituto Datafolha.

No sábado, Jair Bolsonaro apostou que terá pelo menos 60% dos votos nas presidenciais de domingo, apesar de todas as sondagens indicarem o contrário.

Os mais de 156 milhões de eleitores poderão votar até às 17:00 de Brasília (21:00 em Lisboa), nas 577.125 urnas eletrónicas espalhadas por 5.570 cidades do país.

Além de Lula da Silva e Bolsonaro, disputam as presidenciais brasileiras os candidatos Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D'Ávila, Soraya Tronicke, Eymael, Padre Kelmon, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.

Em todo o Brasil, cerca de 500 mil agentes da segurança pública estão mobilizados para garantir a segurança eleitoral.

MIM // MAG

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