Os resultados eleitorais das eleições legislativas de 30 de janeiro mudaram de forma visível a reconfiguração do parlamento, com CDS-PP e PEV a perder a sua representação e a deixar a Assembleia da República na legislatura que agora termina.

Se no hemiciclo as mudanças serão visíveis – o desaparecimento de partidos, o crescimento do Chega e da IL ou a queda do BE, PCP e PAN, por exemplo – também nos corredores e nas salas do parlamento estes resultados obrigaram a mudanças de fundo.

Ainda não era 10:30 quando um funcionário do parlamento, com um saco branco na mão, se aproximou da entrada da sala que o CDS-PP vai ter agora que entregar ao Chega - e que era sua há décadas – para retirar a placa que indicava que aquele era o espaço dos centristas.

O momento simbólico – eternizado por duas câmaras de televisão e duas máquinas fotográficas – durou poucos segundos e, com recurso a uma chave de fendas, o funcionário do parlamento arrancou a placa onde se podia ler “Grupo Parlamentar do Partido Popular (CDS/PP) – Presidente”.

Na parede restam agora – até entrar a próxima placa – dois pequenos buracos que indicam que ali existiu algo que já não estará mais na legislatura que começará em breve.

Mas não foi só na sala do CDS-PP que aconteceram mudanças. Uns metros ao lado, no mesmo corredor, também o BE – que passou de 19 para cinco deputados – deixou a Sala Lisboa para a entregar à IL – que deixou a condição de deputado único para um grupo parlamentar de oito deputados.

Ao longo dos últimos dias, pelos corredores do parlamento, circularam carrinhos com documentos, pastas e mobília, tendo também o BE esvaziado a sua sala e ficando, neste andar nobre, apenas com uma sala contígua que já era sua e que servirá como o espaço dos bloquistas neste piso.

O mesmo funcionário – com o mesmo saco branco e a mesma chave de fendas - voltou alguns minutos depois e fez à placa do BE o mesmo que tinha feito à do CDS-PP, com a diferença que a dos bloquistas permanecerá noutro espaço mais reduzido, tal como seu grupo parlamentar.

A agência Lusa questionou o gabinete do Secretário-Geral da Assembleia da República sobre esta reorganização espacial do parlamento na sequência das eleições, tendo sido explicado que os grupos parlamentares do PS e do PSD “mantêm os gabinetes que ocupam nos quatro pisos do Novo Edifício bem como os que ocupam no Andar Nobre, junto ao Hemiciclo”.

O PS, que com a maioria absoluta conseguida aumentou o número de mandatos, passa ainda a ocupar os gabinetes que o PAN e o PEV tinham no corredor entre a Biblioteca e o Novo Edifício.

Já o Chega, agora terceira força política e com 12 deputados, além de ficar com o espaço do CDS, vai manter os gabinetes que tinha como deputado único na Sobreloja do Palácio, bem como mais sete gabinetes no mesmo espaço.

O grupo parlamentar da IL, para além da sala que era do BE no Andar Nobre, ficará com seis gabinetes na Sobreloja, entre o Andar Nobre e o piso das comissões parlamentares no rés-do-chão.

A Sobreloja também acolherá os deputados únicos dos deputados únicos do PAN e do Livre.