Em seu nome foi lida uma declaração, na qual o realizador pediu desculpa por não estar presente em Los Angeles, mas que tomou a decisão por respeito ao povo do Irão e de seis outros países de maioria muçulmana “desrespeitados” pela “lei desumana” introduzida pela administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entretanto suspensa pelos tribunais federais.

“Dividir o mundo entre nós e os nossos inimigos cria medo, uma justificação enganosa para agressão e guerra”, ouviu-se no depoimento de Farhadi, que já antes tinha sido vencido um Óscar, na mesma categoria, por “Uma Separação”.

O realizador iraniano afirmou ainda que os “cineastas podem usar as suas câmaras para capturar qualidades humanas partilhadas e quebrar estereótipos de várias nacionalidades e religiões”.

“Criam empatia entre nós e os outros. Uma empatia necessária hoje mais do que nunca”, concluiu a mensagem de Farhadi.

Asghar Farhadi divulgou, em janeiro, um comunicado no qual afirmava ter decidido não se deslocar a Los Angeles para a cerimónia de domingo, ao contrário do que tinha planeado, “mesmo que se verificassem exceções que permitissem” a viagem, pois as medidas decretadas pelo Presidente norte-americano “são inaceitáveis”.

“Ao longo dos últimos dias, e apesar das circunstâncias injustas que se levantaram a imigrantes e viajantes de vários países, que [procuravam entrar] nos Estados Unidos, a minha decisão manteve-se a mesma: comparecer na cerimónia e expressar as minhas opiniões, à imprensa, durante o evento”, escreveu o realizador iraniano.

“Nunca tive intenção de boicotar a cerimónia”, para mais quando a “indústria do cinema e a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas se opõem a fanatismos e extremismos”. “Agora, porém, parece-me que a possibilidade de estar presente é acompanhada muitos ‘ses’ e ‘mas’, o que é inaceitável para mim”, escreveu Farhadi.

O cineasta criticou, já nesse momento, a divisão do mundo em “nós e eles”, que afirma não ser exclusiva dos Estados Unidos: “No meu país, verifica-se o mesmo”.

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