Paramédicos, enfermeiros e fisioterapeutas. Encontramo-los no pavilhão desportivo de Minde, onde foi montado um posto de ajuda médica para o peregrino. É nas mãos deles que os corpos cansados e os pés feridos encontram alívio, mas não só. “Ajuda-mos os peregrinos a sentirem-se melhor”, resume António de Sousa, vice-presidente da Associação de Paramédicos de Catástrofe Internacional. E este “sentir melhor” toma muitas vezes a forma de um “carinho”, uma “força” para os últimos 16 quilómetros de caminhada que separam estas pessoas do seu destino.

E já tiveram de aconselhar alguém a parar? “Sim, já aconteceu. Geralmente só dizemos que é preciso parar em caso extremo. Este ano ainda não aconteceu. A força de vontade das pessoas leva-as a todo o lado, a força de vontade é muito importante”, diz o brigadeiro, cujo posto é assinalado pelas quatro estrelas que leva ao peito.

A peregrinação é como a vida e Fátima é o colo da mãe
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“As pessoas, ano após ano, têm melhorado a vestimenta, das meias que usam ao calçado. Lembro-me que no ano passado foi muito pior. Este ano os tratamento têm sido ligeiros, uma bolha ou outra. As pessoas têm tido mais cuidado”, remata.

E se a fé e força de vontade move os peregrinos, o que leva estes profissionais de saúde a abrir o posto de saúde às 8h00 da manhã e a enfrentar jornadas de trabalho que podem ir até de madrugada?

“Há muitas pessoas de fé [entre os voluntários], mas penso que não é só fé. É gente muito humana, que gosta de ajudar, que sabe que há pessoas necessitadas do próximo. E se não formos nós a marcar a diferença ao apoiar o próximo, quem será”, questiona.

“Tenho um menino de dois anos e meio que quase nasceu lá. Onde? No Santuário de Fátima”
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Só na noite anterior à nossa conversa passaram pelo pavilhão de Minde 800 peregrinos, mais de metade foi atendido por esta equipa. Este é também um ano especial, recorda António. A celebração do Centenário das Aparições, a canonização dos Pastorinhos e a visita do Papa colocaram mais gente ao caminho.

Enquanto o grupo que viemos acompanhar segue viagem [tendo chegado a Fátima a 11 de maio], um outro entra no pavilhão em busca de refrigério. António volta ao serviço e nós ao caminho.