Segundo avança a Folha de São Paulo, os ministros do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio, Alexandra de Moraes, Luís Roberto, Luiz Fux e Rosa Weber votaram, por unanimidade, que existem indícios de prática criminosa, constituindo, assim, Aécio Neves arguido. A Procuradoria-Geral da República já tinha acusado Aécio de corrupção passiva e obstrução da justiça em junho.

A acusação do Supremo Tribunal Federal acontece depois de analisar o episódio em que Aécio pede, em março do ano passado, 2 milhões de reais (cerca de 474 mil euros) a Joesley Batista, da JBS, uma das maiores indústrias de alimentos do mundo. Na conversa, gravada no Hotel Unique, é referido que o dinheiro serve para suportar as despesas com um advogado que o defendesse na Operação Lava Jato.

A Procuradoria Geral da República (PGR) afirma que o dinheiro seria um suborno em troca da atuação parlamentar favorável à empresa brasileira JBS. Contudo, o senador garante que o negócio privado feito com Joesley Batista dizia respeito à venda de uma casa.

O dinheiro foi entregue em quatro parcelas e em dinheiro vivo. Pelo menos um dos pagamentos foi filmado pela Polícia Federal.

A PGR afirma, segundo a Folha de São Paulo, que Aécio "valeu-se do seu cargo e influência para isentar investigações de crime relativos a recursos de campanha não contabilizados; constranger e ameaçar autoridades do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Polícia com projeto de lei de abuso de autoridade; e para direcionar delegados federais para atuar em inquéritos segundo o seu interesse".

Em resposta, o senador diz que recebe a decisão com serenidade e está confiante de que, a partir de agora, poderá apresentar provas da sua inocência. "Não cometi crime nenhum", responde.

Esta é a primeira vez que Aécio Neves tem contra si uma ação penal na Operação Lava Jato. Contudo, já tinha sido alvo de outros oito inquéritos do Supremo Tribunal.

Além de Aécio, a sua irmã, Andréa Neves, o primo, Frederico Pacheco, e Mendherson Souza Lima, ex assesor do senador Zézé Perrela (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), foram constituídos arguidos, ainda que somente por corrupção passiva.

Aécio Neves, do Partido Social Democracia Brasileira (PSDB) é Senador da Repúblicas Minas Gerais desde 2011.

A Operação Lava Jato investiga a suposta obtenção de favores, doações e o pagamento de serviços de palestras que somam 7,2 milhões de euros (30 milhões de reais), alegadamente pagos por seis empresas ligadas ao escândalo de corrupção na petrolífera Petrobras entre 2011 e 2014.