“Se não chover rapidamente e se não houver mais apoios do Governo, o mais provável é que muitos pequenos e médios agricultores, incluindo alguns jovens agricultores, acabem por abandonar o setor”, disse à agência Lusa o diretor da AADS, Edgar Pereira.

“Estamos muito preocupados, porque, num universo de cerca de cinco mil agricultores que se dedicam à produção de produtos hortícolas e frutícolas, principalmente nos concelhos de Palmela, Montijo e Setúbal, há muitos pequenos agricultores que não conseguem suportar os efeitos da seca e dos aumentos de diversos fatores de produção”, acrescentou.

 Segundo Edgar Pereira, os agricultores estão a recorrer a “furos de captação de água, porque não chove”, mas “têm também de suportar os aumentos que se têm verificado em diversos fatores de produção, designadamente dos adubos, da eletricidade e dos combustíveis”.

 O diretor da AADS salientou ainda que esse aumento dos custos não se reflete no preço de venda, porque os agricultores não conseguem vender os seus produtos refletindo esses encargos adicionais.

“Os hipermercados e os circuitos de comercialização já subiram os preços, mas não estão a ressarcir os produtores por esse aumento de encargos com os custos de produção”, justificou.

Segundo o representante, “as pessoas vão lutando enquanto podem, mas muitas acabam por se endividar e abandonar a agricultura”, já que várias situações se tornam insustentáveis: nesses casos, “os agricultores são forçados a vender os terrenos, para poderem pagar as dívidas que foram acumulando”.

Apesar da seca, os problemas dos agricultores da região não se devem apenas à falta de chuva nos últimos meses.

Edgar Pereira referiu ainda que a associação está a tentar ajudar os agricultores da península e do distrito de Setúbal com diversas candidaturas ao Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP).

 Considerou, no entanto, que os apoios disponíveis e outros já anunciados pela ministra da Agricultura, mas ainda não aprovados, “podem não ser suficientes”.