"Trata-se simplesmente de usar essa gravação para desestabilizar e prejudicar a unidade do país", afirmou o ministro alemão, acrescentando que o intuito é "semear a divisão política no plano interno. Espero que Putin não consiga e que continuemos unidos."

A contraespionagem militar terá de determinar se "a plataforma certa foi escolhida" para manter esse diálogo, disse Pistorius, que aguarda o resultado de uma investigação militar antes de tirar conclusões. O chefe de governo alemão, Olaf Scholz, prometeu ontem uma investigação "exaustiva" do caso.

A diretora do canal estatal russo RT, Margarita Simonyan, divulgou na última sexta-feira uma gravação de áudio de 38 minutos que, segundo ela, é um excerto de uma conversa entre oficiais alemães sobre um eventual bombardeamento na Crimeia.

Na conversa, os dois discutem a possibilidade de o exército ucraniano usar mísseis Taurus, de fabricação alemã, e o seu potencial impacto.

Também são discutidos possíveis alvos de ataque, como a ponte sobre o estreito de Kerch, que une a península ocupada pelas forças de Moscovo à Rússia.

O número dois do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev, acusou hoje a Alemanha de "preparar a guerra contra a Rússia".

O Ministério da Defesa alemão confirmou ontem a fuga de informação e uma porta-voz disse que uma conversa na divisão da força aérea foi intercetada.

Na gravação, os participantes também mencionam detalhes sobre o fornecimento e o uso de mísseis de longo alcance Scalp, que a França e o Reino Unido começaram a entregar à Ucrânia no ano passado. Essa parte da conversa é uma das que mais comprometem o governo alemão, pois revela segredos de países aliados.

Devido a estas fugas, o Exército alemão enfrenta críticas e acusações de falta de profissionalismo em questões de segurança.