“Se milhares de crianças são mortas, isso não deixa ninguém indiferente”, afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, em entrevista à rádio Deutschlandfunk, citada pela agência espanhola EFE.

Baerbock defendeu que “as ações militares têm de ser mais precisas, porque a luta de Israel não é contra palestinianos inocentes, mas contra a organização terrorista Hamas”.

“É por isso que as baixas civis devem ser evitadas tanto quanto possível e Israel deve garantir que menos pessoas sejam mortas na luta contra o terror”, afirmou.

À semelhança de Israel e dos Estados Unidos, a União Europeia qualifica o grupo islamita Hamas como uma organização terrorista.

O Hamas controla a Faixa da Gaza, com 2,3 milhões de habitantes, desde 2007.

A chefe da diplomacia alemã insistiu que os civis em Gaza devem ter a oportunidade de alcançar a segurança dentro do enclave.

“Não se pode chamar os civis para a segurança através de panfletos se não houver locais seguros”, afirmou, referindo-se aos avisos israelitas para que os residentes abandonem zonas que vão ser atacadas.

Baerbock descreveu a situação como “terrivelmente complexa” e afirmou que o conflito coloca o mundo perante um “dilema incrível”.

“Como pessoas, temos tendência a fechar os olhos ou a tomar partido”, disse, mas acrescentou que pedir a Israel que pare de lutar levanta a questão dos reféns detidos pelo Hamas e dos foguetes que continua a disparar.

“Penso que ninguém gostaria de estar na pele do Governo israelita neste momento, mas não se pode ganhar uma guerra militarmente se, ao mesmo tempo, se perde a paz”, afirmou.

Baerbock exortou os países árabes a pressionar o Hamas para que deponha as armas, pois “não se pode pedir um cessar-fogo a Israel e deixar de se defender” se o grupo palestiniano continuar a lutar.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em Israel, em 7 de outubro, que matou 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas.

Em represália, o exército israelita lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra a Faixa de Gaza, interrompida durante uma semana de tréguas, que em dois meses matou 17.700 pessoas, segundo o Hamas.