Na cerimónia de lançamento do concurso da primeira concessão da linha ferroviária de alta velocidade Porto-Lisboa, nas instalações da Infraestruturas de Portugal (IP), em Almada, o secretário de Estado realçou que se trata do “projeto de Infraestruturas mais importante da primeira metade do século XXI em Portugal”, que “vem com 30 anos de atraso”, dado que as discussões sobre a insuficiência da Linha do Norte “são conhecidas pelo menos desde o final dos anos 80”.

Frederico Francisco apontou ainda que “não há nenhum plano que seja sério para o desenvolvimento da ferrovia em Portugal que não tenha como peça central este projeto”, defendendo a prioridade dada ao eixo Atlântico, contrariando a primazia da Linha de Alta Velocidade Lisboa-Madrid.

“Foi o que todos os países fizeram”, realçou o governante, admitindo um “grande empenho emocional neste projeto”.

Antes da intervenção do secretário de Estado, o vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, fez a apresentação técnica do projeto, que tem um custo total estimado de 3.550 milhões de euros.

Segundo o responsável, a primeira parceria público-privada (Porto-Oiã) prevê a candidatura a 480 milhões de euros de fundos comunitários, e a segunda (Oiã-Soure) espera obter 249 milhões de fundos comunitários, cuja candidatura será submetida “dentro de dias”.

Carlos Fernandes adiantou ainda que tem havido manifestação de interesse de várias empresas, entre as quais a CP e o Grupo Barraqueiro.

A Linha de Alta de Velocidade prevê a realização de 60 serviços por dia e por sentido, dos quais 17 serão diretos, nove com paragens nas cidades intermédias (Leiria, Coimbra, Aveiro e Gaia), e 34 serviços mistos, explicou a IP.

O projeto prevê transportar 10 milhões de passageiros na nova linha, dos quais cerca de um milhão que atualmente fazem aquela viagem de avião.

Quanto à segunda fase (Soure-Carregado), Carlos Fernandes disse estar também em estado avançado, esperando-se a conclusão dos estudos ainda neste trimestre, seguindo-se a fase de análise ambiental e o lançamento do concurso em 2026.

Esta semana, a Assembleia da República aprovou uma recomendação do PS ao Governo para que lançasse o concurso para o primeiro troço da linha de alta velocidade Porto-Lisboa até final de janeiro, apenas com a abstenção do Chega, permitindo a Portugal ter acesso aos 729 milhões de euros que estão reservados em Bruxelas exclusivamente para esta obra.