"Dizer que a mortandade de peixes se deveu às algas é incorreto porque a eutrofização das águas e as microalgas devem-se à poluição e são o resultado combinado da água estagnada, de temperaturas elevadas e, principalmente, do excesso de nutrientes gerado pela poluição da agricultura intensiva, das águas residuais urbanas e dos efluentes industriais", disse à agência Lusa o porta-voz do movimento ambientalista, com sede em Vila Nova da Barquinha, no distrito de Santarém.

Paulo Constantino reagia assim à notícia da Lusa sobre o relatório técnico-científico do Laboratório de Patologia de Animais Aquáticos, pertencente ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), e que aponta as microalgas como responsáveis pela recente mortandade de peixes no rio Tejo, em Vila Velha de Ródão.

O documento, a que a agência Lusa teve acesso, explica que no exame anátomo-patológico efetuado aos peixes verificou-se a presença de microalgas Cyanobacteria, Microcystis aeruginosa Kg.

"Em 20 setembro e 17 outubro passados foram analisadas amostras de peixe com a mesma proveniência do peixe desta amostra, tendo sido elaborados os respetivos relatórios (?.) e onde consta ter sido identificada a alga acima referida [Cyanobacteria]", lê-se no documento, que acrescenta que a amostra foram 17 peixes (alburnos) recolhidos na barragem do Fratel.

"Apontar as razões da mortandade de milhares de peixes às algas é desviar as atenções dos principais poluidores da bacia do Tejo, desde logo as fábricas de Vila Velha de Ródão que continuam a poluir as águas do rio", em Castelo Branco, "sendo que o proTEJO gostaria de saber se as vistorias efetuadas à Centroliva também foram feitas à Celtejo, e quais os resultados das mesmas", afirmou o ambientalista.

Segundo a leitura do proTEJO, a análise anátomo-patológica do IPMA "apenas afirma que os filamentos branquiais se encontravam colmatados por matéria sólida e a presença de microalgas, não afirmando que foram as algas a causar a morte dos peixes. Apesar das microalgas poderem ter contribuído, nunca seriam a única causa da morte dos peixes", reiterou.

Paulo Constantino defendeu que as autoridades "deviam tratar deste assunto como um grave problema de saúde pública e fazerem todas as análises de toxicidade aos peixes, aos mortos e aos vivos, e aos produtos agrícolas, análises que são necessárias para acautelar a saúde pública e para o devido esclarecimento e proteção das populações".