Na capital, Brasília, desde 10 de março que o Governo retirou praticamente todas as restrições pandémicas, incluindo a obrigatoriedade do uso da máscara em espaços fechados.

Para a analista de políticas públicas e professora na Universidade de Brasília, Michelle Fernandez, “ficou claro que essa retirada da obrigatoriedade foi uma questão meramente política”.

As diretrizes governamentais foram contra a comissão técnica de saúde do distrito federal, que não concordou com decisão de não imposição de máscara em locais fechados, lembrou.

Por essa razão, justificou Michelle Fernandez, boa parte da população não se sente ainda confortável em retirar a máscara.

Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem mostrado e tomado posições públicas contrárias à generalidade das recomendações científicas no combate à covid-19, minimizando a sua gravidade e questionando a eficácia das máscaras e das vacinas.

Esta postura do Presidente brasileiro, segundo o sociólogo Raphael Sebba, assessor da Comissão Especial da Vacinação do Distrito Federal e pré-candidato a deputado federal pelo partido de esquerda PSOL, acabou por politizar a pandemia e o uso da máscara.

“No Brasil, o uso de máscara extrapola o aspeto sanitário e a ciência”, assumido “um caráter também de demarcação e de símbolo político”, considerou.

“Usar a mascar é também um ato político”, frisou.

Existindo um sentimento de desconfiança em relação às recomendações das autoridades, “muita gente insiste e sente-se mais seguro usando a máscara”, sublinhou.

o pré-candidato a deputado federal apontou ainda que, apesar de a situação pandémica estar mais controlada, com uma taxa de vacinação na capital de cerca de 80% e um relaxamento geral às normas pandémicas, morrem cerca de pessoas 300 por dia no Brasil.

“Mais de um avião por dia”, comparou.

O Brasil atingiu 660.002 óbitos devido à covid-19 desde o início da pandemia, segundo dados divulgados hoje pelo Ministério da Saúde do país.

De acordo com as autoridades, o país registou 29.975.165 infeções.

Nos últimos três dias, o gigante sul-americano registou uma média de 127 mortes por dia e nas últimas 24 horas identificou 27.270 casos da doença provocada pelo vírus SARS-CoV-2.

O Brasil é um dos três países do mundo mais afetados pela pandemia em números absolutos, além dos Estados Unidos e a Índia.