“O que preocupa a candidatura são questões de segurança e cumprimento da lei, na defesa do património público e das pessoas de bem, independentemente da raça ou etnia. [...] Boa parte das pessoas que fica muito incomodada quando são denunciadas estas situações nunca se deslocou a algumas dessas zonas e não tem ideia do ‘barril de pólvora’ que lá se vive diariamente”, refere o candidato em comunicado.

André Ventura afirmou numa entrevista publicada hoje pelo jornal i que há pessoas que "vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado" e que acham "que estão acima das regras do Estado de direito", considerando que tal acontece particularmente com a etnia cigana.

Já na quinta-feira passada, o candidato tinha falado sobre uma "excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas", numa entrevista ao portal Notícias ao Minuto, o que motivou uma queixa à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial contra o candidato, por parte do cabeça de lista do BE, Fabian Figueiredo, por "declarações contra as minorias étnicas".

Nesse dia, em declarações à Lusa, André Ventura referiu que tinha direito a ter a sua opinião e lamentou que em Portugal “o limite da liberdade de expressão seja sempre ultrapassado quando se passa o politicamente correto”.

Já hoje, em comunicado, o candidato social-democrata negou ter quaisquer intenções xenófobas contra a comunidade cigana e repudiou as associações ou grupos de caráter racista ou xenófobo.

“Ao longo da minha vida sempre convivi bem com pessoas de várias raças e etnias e diferentes credos. Quando digo que somos tolerantes com algumas minorias, refiro-me a certos casos em que manifestamente a lei não é cumprida”, explicou.

“Nunca foi minha intenção estimular ou aprofundar este tipo de sentimentos no debate público”, acrescentou.

O candidato disse que o poder autárquico e o Estado não se podem conformar com situações de desordem pública em que as autoridades não conseguem repor a ordem, referindo-se a “zonas mais problemáticas” do concelho de Loures em que “frequentemente a polícia é recebida com atos de violência”.

No seu entender, é preciso denunciar estas situações e apostar em políticas de integração.

O presidente da concelhia do PSD de Loures (distrito de Lisboa), Ricardo Andrade, defendeu a legitimidade das declarações de André Ventura, ressalvando que “em nenhum momento os sociais-democratas equacionaram retirar-lhe a confiança política.

“É uma pena que tenha de existir esta polémica para as pessoas olharem para Loures e verem os problemas que aqui existem. O que está aqui em causa são políticas de integração e a necessidade de que todos cumpram a lei, independentemente das raças, etnias ou credos”, afirmou o líder social-democrata concelhio à Lusa.

O CDS-PP, um dos partidos que apoiam André Ventura em Loures, reagiu também, através do líder da distrital de Lisboa, João Gonçalves Pereira, dizendo que o partido iria “aguardar pelos esclarecimentos” do candidato.

Ao final da tarde, a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Martins, instou o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, a retirar a confiança política a André Ventura.

A Câmara Municipal de Loures é presidida desde 2013 pelo comunista Bernardino Soares, que se recandidata ao cargo, encabeçando uma lista da CDU.

O atual executivo é ainda composto por quatro vereadores da CDU, por quatro do PS e por dois da Coligação Loures Sabe Mudar (PSD, MPT e PPM).

Além de Bernardino Soares, André Ventura e Fabian Figueiredo, o PS concorre à presidência da Câmara com uma lista liderada por Sónia Paixão.

As eleições autárquicas decorrem a 01 de outubro.

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