"O segundo aniversário é muito mal comemorado e demonstra a falta de confiança. Se tivesse confiança não fazia assim. Isso parece-me evidente", afirmou o antigo autarca do Porto num encontro com militantes do Alto Minho.

Rio adiantou que "o Governo tem a consciência de que o balanço não é muito positivo: se o balanço fosse positivo o Governo fazia uma sessão aberta onde as pessoas livremente perguntavam aquilo que quisessem aos membros do Governo".

O Governo assinalou hoje dois anos em funções com um Conselho de Ministros Extraordinário em Aveiro, seguido de uma sessão em que os membros do executivo responderam a questões colocadas por cidadãos, iniciativa que está a gerar polémica devido a notícias sobre o pagamento dos participantes.

"Quando o Governo vê isso com preocupação e encomenda um serviço para que as pessoas vão lá fazer perguntas que o Governo conhece de antemão e são convenientes, julgo que é o Governo que tem consciência das dificuldades que tem encontrado e dos ‘inêxitos’ que tem encontrado pelo caminho", sublinhou.

O candidato à liderança do PSD disse que a política "não deve ser encenada".

"Se eu faço uma sessão pública onde pessoas me fazem perguntas livremente e afinal não é livremente, tudo está preparado, então isto é um palco, é um ensaio. A política não deve ser um palco, uma peça devidamente encenada. Ou é uma coisa natural ou então não se faz”, acrescentou.

O jornal Sol noticiou no sábado que o Governo liderado por António Costa vai pagar 36.750 euros a um grupo de 50 cidadãos, que participa num estudo na Universidade de Aveiro e fez hoje perguntas ao executivo na sessão pública.

De acordo com o jornal, o gabinete de Costa afirmou que foi pedida à Universidade de Aveiro “a elaboração de um estudo quantitativo, elaborado pelo professor Carlos Jalali, que aborda […] o cumprimento das promessas por parte deste Governo e as preocupações que os inquiridos identificam como prioritárias para o futuro”.

Coube à empresa Aximage a “definição técnica para a constituição de uma amostra adequada” e o “recrutamento dos participantes”, incluindo “a gestão das deslocações […]” e dos atos relacionados com transporte, alojamento e refeições”, de acordo com a mesma fonte do Governo.

O Governo, citado pelo semanário, disse ser alheio aos termos da seleção e recrutamento dos participantes.

Questionado pelos jornalistas à margem da sessão de apresentação da candidatura à liderança do PSD, Rio disse que "o estado de graça do Governo acabou a partir de Pedrógão Grande" (grandes incêndios de junho), mas referiu acreditar que a legislatura será concluída.

O PSD escolherá o seu próximo presidente em 13 de janeiro em eleições diretas, com Congresso em Lisboa entre 16 e 18 de fevereiro.

Até agora, anunciaram-se como candidatos à liderança do PSD o antigo presidente da Câmara do Porto Rui Rio e o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.

O atual presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, já disse que não se recandidata ao cargo que ocupa desde 2010.