“Mantenho a confiança na cadeia de comando e assim manterei até estas circunstâncias estarem concluídas. Se no final houver responsabilidade teremos que tirar consequências, mas até ao momento não tenho evidência de que tenha havido qualquer falha na cadeia de comando”, afirmou em entrevista à TVI.
António Costa foi questionado sobre como se justificava uma “tragédia” que fez tantas mortes, sobretudo de pessoas que morreram na estrada nacional 236-1, encurraladas pelas chamas, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.
António Costa adiantou já ter essa resposta por parte da GNR: que o fogo terá atingido a estrada de forma “inusitada rápida e repentina”.
Segundo o governante, esta explicação dada pela GNR é “consonante” com a descrição feita no domingo em Pedrógão Grande tanto pelos responsáveis no terreno como pelos populares, de que “foi algo muito súbito e repentino que aconteceu”.
O primeiro-ministro respondeu ainda à pergunta sobre se a GNR estava a cumprir uma ordem quando deixou aquela estrada aberta e permitiu que os populares seguissem por essa via.
“Que eu tenha conhecimento, não há nenhuma instrução específica para o encerramento daquela via, porque a ameaça naquele local surgiu de forma repentina e inusitada. Os testemunhos que ouvi foram de que tudo aconteceu em poucos minutos e foi como que um furacão”.
De uma coisa António Costa mostrou-se convicto, de que “algo de especial” aconteceu naquele lugar “num curto espaço de tempo”, porque só assim se justifica que num incêndio que consumiu cerca de 30 mil hectares, o conjunto de cadáveres tenha sido encontrado em cinco quilómetros quadrados.
Por isso, afirma precisar de saber se houve algum fenómeno climático e geofísico que “tenha determinado este desfecho”.
A trovoada seca foi “a causa”, mas “não chega, não pode ser só isso”, afirmou, sublinhando que as testemunhas dizem que houve “uma espécie de furacão”.
O primeiro-ministro adiantou ainda que, contrariamente ao que inicialmente previra, o número de mortos não deverá aumentar mais, pelo menos de forma significativa.
Segundo explicou, havia a expectativa de poderem ser encontradas mais pessoas mortas em aldeias queimadas onde os bombeiros ainda não tinham conseguido entrar.
No entanto, António Costa revelou hoje que todas essas aldeias já foram vistoriadas e mais nenhum cadáver foi encontrado, pelo que novas mortes, a surgirem, deverão decorrer de feridos graves.
Sobre os bombeiros que vieram da Galiza para prestar auxílio no combate aos incêndios e que terão sido recusados, o primeiro-ministro disse que estão a ser solicitadas as ajudas que os comandos consideram necessários, e que o acréscimo de meios tem de ser usado “na justa medida”.
“Temos quase 3 mil homens envolvidos no combate aos fogos e temos que confiar, temos uma estrutura profissionalizada na Proteção Civil que está a atuar de forma coordenada”, afirmou, explicando que quando se está no meio de uma frente de fogo e há alterações súbitas, geram-se momentos de grande tensão.
“Mas temos que confiar nesta estrutura, que está consolidada há mais de 11 anos, que tem respondido com eficácia”, referiu, acrescentando que no final será feita a avaliação dos resultados e, em função disso, se agirá.
António Costa afirmou também manter toda a confiança na ministra Constança Urbano de Sousa, que “tem sido uma excelente ministra, que tem gerido e enfrentado esta situação, que é muito difícil”.
Quanto a uma reforma da floresta, António Costa diz que não pode pedir à Assembleia da República para a fazer “em cima do joelho”.
Segundo o governante, a reforma estrutural da floresta “é trabalho para a próxima década, seguramente”.
“Com o tipo de plantação que temos, com a densidade florestal, a estrutura de propriedade que temos” a reforma estrutural não se resolve de um momento para o outro, até porque exige várias etapas, nomeadamente consenso político alargado, debate sério, identificação de proprietários e limpeza das florestas.
No entanto, admite que “o tempo esgotou-se” e que “esse trabalho de fundo tem de ser feito”.
[Notícia atualizada às 22:36]
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