A notícia é avançada pelo semanário Expresso, que cita a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF). Segundo esta entidade, o reforço remuneratório de 60% prometido pelo Governo aos médicos de família só vai beneficiar no imediato 51 especialistas, os únicos que já cumprem os requisitos para a transição dos centros de saúde para a organização em Unidade de Saúde Familiar de modelo B (USF-B), com vencimentos por desempenho.

Apesar destas contas feitas pela APMGF, o governo diz que serão 800 os abrangidos pela transição automática, desde que no futuro aceitem bastantes mais doentes.

Na base do número avançado pela APMGF estão os dados oficiais de dezembro de 2022 e a última versão do diploma sobre as novas USF-B apresentada aos sindicatos, no início deste mês. Segundo os números avançados pelo Expresso, a transformação dos centros de saúde clássicos e das USF-A para o novo modelo implica cumprir dois critérios: a unidade tem de ter, pelo menos, um índice de desempenho global de 70% e os médicos uma lista, no mínimo, com 1550 utentes.

Também citado pelo jornal, o ministro da Saúde sublinha que as estimativas feitas apontam para mais de uma centena de unidades em condições de passarem ao modelo B, o que abrange 800 médicos, mas, reconhece, que terão de assistir mais doentes.

“O modelo de transição está a ser ultimado do ponto de vista técnico. Apesar de ser extemporâneo avançar o número exato de USF e USCP [centros de saúde clássicos] que vão transitar de forma automática, previsivelmente o número superará as 100 unidades. No momento da transição, os médicos têm liberdade para promover o alargamento da lista de utentes, como sempre aconteceu”, diz Manuel Pizarro. Assim, os médicos têm primeiro de cumprir este critério, o que pode levar o seu tempo. Nas zonas com grande cobertura assistencial, como o norte ou o centro, a margem de crescimento é pequena porque, neste momento, já são poucos os utentes sem médico atribuído.

O jornal cita ainda o presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar, André Biscaia, e Nuno Jacinto, presidente da APMGF, que garantem que o Governo diz que os indicadores de desempenho das equipas vão ser valorizados, mas não diz como.