Esta posição foi assumida por Ana Catarina Mendes em entrevista à Agência Lusa, que será divulgada na íntegra na sexta-feira, durante a qual também procurou esclarecer a questão sobre o modo como o PS tenciona contabilizar os votos da lista independente de Rui Moreira no Porto.

Ana Catarina Mendes admitiu que as suas palavras em recente entrevista ao “Observador” possam ter sido mal interpretadas, salientando agora que, “evidentemente”, uma vitória da lista de Rui Moreira será sempre um triunfo do atual presidente da Câmara Municipal do Porto, mas que será também festejado pelos militantes socialistas portuenses.

De acordo com Ana Catarina Mendes, apesar de se registar alguma contestação interna sobre o futuro a prazo do partido na segunda cidade do país e de haver ainda indefinição sobre a forma como os socialistas vão integrar a lista independente, que é também apoiada pelo CDS-PP, a decisão do PS de abdicar de apresentar um projeto autónomo no Porto e apoiar a recandidatura do independente Rui Moreira “é mesmo irreversível”.

“Feita a avaliação política do trabalho autárquico no Porto, o PS considerou que o melhor projeto é o liderado pelo independente Rui Moreira. As estruturas locais do PS já se pronunciaram e votaram o apoio a Rui Moreira – e é nessa batalha que vamos estar concentrados”, declarou a “número dois” da direção socialista.

Interrogada sobre os riscos de o PS desaparecer enquanto força política autónoma durante um mandato autárquico no Porto, Ana Catarina Mendes desdramatizou, contrapondo que o partido “estará sempre presente na segunda cidade do país”.

“Também neste caso colocámos à frente do interesse partidário o interesse dos portuenses e, por isso mesmo, apoiaremos o projeto independente de Rui Moreira. Devemos olhar para esta opção em relação ao Porto da mesma forma como olhámos para o país” em novembro de 2015 no processo de formação do atual Governo, argumentou.

Questionada se o PS tenciona contabilizar para si os votos que a lista de Rui Moreira obtiver no Porto, Ana Catarina Mendes referiu que, se essa foi a interpretação retirada da posição que assumiu na entrevista que concedeu ao “Observador” na quarta-feira, então ter-se-á “exprimido mal”.

“Na noite eleitoral festejaremos as vitórias do PS. Evidentemente que a vitória no Porto do doutor Rui Moreira será a vitória do doutor Rui Moreira, mas não deixaremos de a festejar uma vez que apoiamos a sua recandidatura”, justificou a secretária-geral adjunta dos socialistas.

Confrontada com as diferenças entre a linha autárquica de Rui Moreira (aparentemente mais liberal) e a do atual presidente da Câmara de Lisboa, o socialista Fernando Medina – que, por exemplo, defende um impulso à construção pública de habitação para travar a especulação imobiliária no centro urbano da capital -, a secretária-geral adjunta do PS repetiu a posição de princípio: “um socialista no Porto, neste momento, deve apoiar a recandidatura de Rui Moreira”.

“Foi essa a opção das estruturas e a opção do PS. Devemos olhar para os momentos eleitorais e perceber quais os melhores projetos em cima da mesa. Parece-nos que o projeto de Rui Moreira é bom para a cidade do Porto, teve bons resultados no último mandato e merece a confiança dos socialistas do Porto”, reiterou.