Foi a primeira vez que o australiano, de 45 anos, deu a sua versão sobre os factos.

O procurador Wilson Toainga fez este primeiro interrogatório juntamente com a procuradora sueca, Ingrid Isgren. Os termos desta audiência foram negociados há meses, tendo o Equador imposto que fosse um dos seus procuradores a fazer as perguntas, ainda que estas fossem sugeridas pelas autoridades suecas.

A audiência "deve durar vários dias", avançou à AFP Per Samuelsson, advogado sueco de Julian Assange, que espera participar, pelo menos, em parte deste interrogatório

Num comunicado publicado esta segunda-feira, 14 de novembro, o WikiLeaks denunciou a ausência de Per Samuelson "no princípio" do interrogatório e qualificou o facto de “violação de procedimento”. Apesar disso, Assange "cooperou plenamente", acrescentou o comunicado, sem detalhar.

Enquanto a justiça sueca acusa o fundador do WikiLeaks de fugir sistematicamente das suas tentativas de entrar em contacto, Per Samuelsson garante que Assange "sempre quis dar a sua versão dos acontecimentos diretamente aos investigadores."

"Pedimos esta audiência desde 2010", explicou. “Ele [Assange] quer ter uma hipótese de limpar a sua honra (...) e espera que a investigação preliminar seja abandonada" após o interrogatório.

Se Assange aceitar, uma amostra de ADN será extraída, informou a procuradora sueca. A transcrição do interrogatório será entregue posteriormente aos magistrados suecos, que decidirão o futuro da investigação.

A procuradora sueca encarregada do caso, Marianne Ny, comemorou o facto "de a investigação preliminar poder avançar com a audiência do suspeito".

Na manhã de segunda-feira, um pequeno grupo de apoio a Assange reuniu-se em frente à embaixada com cartazes e bandeiras com os dizeres "Libertem Assange" ou "Obrigado WikiLeaks".

Petição pelo 'perdão' de Trump

Uma primeira audiência prevista para meados de outubro com o procurador Wilson Toainga tinha sido adiada a pedido de Assange, que evocara então a falta de garantias sobre a "sua proteção e defesa", segundo o Equador.

O australiano permanece desde junho de 2012 na embaixada do Equador na capital britânica, altura em que pediu asilo a Quito para evitar ser extraditado para a Suécia.

O Ministério Público sueco quer interrogá-lo no âmbito de um alegado caso de abuso sexual cometido em 2010, que o próprio nega. Assange é alvo de um mandato de prisão europeu, emitido como parte desta investigação.

Assange não quer voltar à Suécia por medo de ser extraditado aos Estados Unidos, onde é procurado pela publicação, através do WikiLeaks, em 2010, de 500 mil documentos classificados sobre Iraque e Afeganistão, assim como 250 mil comunicações diplomáticas.

O australiano perdeu outra batalha judicial em setembro, quando, pela oitava vez em seis anos, um tribunal sueco rejeitou um recurso e confirmou o mandado de detenção europeu contra si. O fundador do Wikileaks solicitou no final de outubro uma suspensão deste mandato para ir ao funeral de um amigo, o que foi recusado.

Durante a campanha presidencial americana, o WikiLeaks divulgou milhares de mensagens de pessoas próximas a Hillary Clinton, levando John Podesta, chefe da equipa de campanha da candidata democrata a acusar Julian Assange de fazer o jogo do republicano e agora presidente eleito Donald Trump.

Uma petição, assinada por cerca de 18 mil pessoas, pede que Donald Trump conceda "perdão presidencial" a Julian Assange, evitando que seja perseguido nos Estados Unidos. Uma petição semelhante foi dirigida antes ao presidente dos Estados Unidos em funções, Barack Obama, sem sucesso.

Maureen Cofflard/AFP

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