“Neste caso da TAP, foi tudo bem feito. A única coisa que falha é nos serviços de controlo do tráfego aéreo”, afirmou o presidente da APPLA, Miguel Silveira, à Lusa, alertando que “esta falha acontece por sistema”.

Em declarações à agência Lusa, Miguel Silveira explicou que a APPLA tem vindo a denunciar a falta de informação prestada pelos serviços de controlo do tráfego aéreo. Nesta ocorrência em específico, este serviço podia ter antecipado que o aeroporto de Vigo – a primeira alternativa ao aeroporto do Porto – estava lotado para a tripulação seguir de imediato para a segunda opção, o aeroporto de Santiago de Compostela.

“Esta falha parece uma falha evidente que acontece por sistema. A APPLA já indagou e o que apurámos é que os controladores não têm uma ferramenta informática que permitiria darem essa ajuda aos pilotos, como acontece em outros países da Europa”, acrescentou.

O porta-voz dos pilotos deixou um apelo para “darem as ferramentas a quem de direito”, porque “é inexplicável em pleno século XXI que os controladores não possam ter uma intervenção proactiva”.

“Sei que estamos a falar da NAV [empresa de controlo de tráfego aéreo] e aí vamos esbarrar no ministério [do Planeamento e das Infraestruturas]”, prosseguiu, realçando que “até ao momento não houve um único contacto da APPLA que tenha sido atendido”.

A TAP está a ser investigada em Espanha por ter pedido prioridade na aterragem em Santiago de Compostela por emergência de combustível, num voo Funchal-Porto, mas a companhia garante que nunca esteve em causa a segurança da operação.

De acordo com a Comisión de Investigación de Accidentes e Incidentes de Aviación Civil (Comissão de Investigação de Acidentes e Incidentes de Aviação Civil), “uma vez em contacto com aproximação a Santiago [de Compostela] a tripulação declarou ‘mayday’ por emergência de combustível, uma vez que a estimativa de gestão de combustível indicava que iam aterrar com uma quantidade abaixo dos 989 quilogramas estabelecidos no plano de voo operacional como reserva final”.

Fonte oficial da TAP garantiu à Lusa que, naquele voo em 10 de outubro, “foram cumpridos todos os protocolos” e que “em momento nenhum esteve em causa a segurança da operação”.

O presidente da APPLA corrobora: “Foi tudo extremamente bem feito, de acordo com as regras. A TAP vai muito além da regulamentação no que diz respeito à gestão de combustível”.

Fonte oficial da TAP explicou que “a declaração de emergência de combustível foi declarada por imposição legal”, já que “é obrigatório sempre que qualquer voo preveja aterrar com combustível abaixo de 30 minutos de voo” e que a aeronave aterrou com combustível para voar mais 29 minutos.

A aeronave Airbus A-319, com matrícula CS-TTD, aterrou “sem contratempo” na pista 35 do aeroporto de Santiago, “com 962 quilogramas de combustível”, adianta o organismo espanhol que está a investigar a ocorrência.

Segundo o relatório preliminar deste organismo, “a tripulação considerou o aeroporto de Vigo como a primeira alternativa [ao aeroporto do Porto] e ajustou a gestão de combustível em função deste planeamento, vigiando a situação meteorológica deste aeroporto”, depois de frustrada a tentativa de aterragem no Porto devido às más condições de visibilidade.

A tripulação do voo da TAP foi então informada de que o aeroporto de Vigo estava completo, sem capacidade de estacionamento, pelo que deveriam seguir para Santiago de Compostela.

A TAP esclarece que a aeronave saiu do aeroporto do Funchal com mais 1.135 quilogramas, suficientes para mais de 30 minutos de espera para além dos 30 minutos regulamentares a baixa altitude, em que o consumo é mais penalizante. “Além deste, tinha ainda o combustível previsto para voar para o aeroporto alternativo, um adicional para situações de contingência e combustível para se deslocar no solo entre o estacionamento e as pistas”, acrescenta.

A aterragem do voo, que transportava 75 passageiros e seis tripulantes, ocorreu “sem contratempo”, de acordo com o organismo.