“Lisboa é uma cidade fantástica, mas é uma cidade que tem de ser vista na sua globalidade. O atual executivo só olha para aquilo que costumo de chamar de salas de visita da capital – com o presidente da Câmara a funcionar como se fosse um mestre-de-cerimónias –, mas não olha para a Lisboa abandonada, esquecida, desleixada por um executivo de 10 anos de PS”, diz à Lusa a também líder do partido e deputada no parlamento.

O CDS-PP tem uma visão diferente: “Se nós queremos ter uma cidade a sério, onde as pessoas estejam bem e com qualidade de vida, que possa progredir e ser um farol no desenvolvimento de Portugal, temos de ter um executivo a olhar para a toda a cidade […] e não apenas a olhar para uma Lisboa para inglês ver”.

A líder centrista quer, por isso, que a capital seja muito mais do que tem sido até agora.

“Não basta ter algumas praças arranjadas, é preciso olhar para toda a outra cidade que não está na primeira linha, mas é aquela onde as pessoas vivem todos os dias e onde enfrentam os problemas de habitação, de falta de transportes públicos de qualidade, de não conseguirem estacionar perto de casa, muitas vezes com dificuldades de locomoção como é o caso dos idosos”, insiste.

Maria de Assunção Oliveira Cristas Machado da Graça nasceu a 28 de setembro de 1974, em Luanda, mas cresceu em Lisboa e foi na capital que enveredou pela carreira académica, doutorando-se em Direito Privado pela Universidade Nova de Lisboa, na qual se tornou professora.

A entrada na cena política deu-se em 2002 – ano em que se tornou adjunta da então ministra da Justiça, Celeste Cardona - e a presidência do CDS está nas suas mãos desde março de 2016.

Foi cabeça de lista do CDS nas eleições legislativas de 2009, pelo círculo de Leiria.

Em junho de 2011, tornou-se ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território no Governo de Passos Coelho, mas em julho de 2013 perdeu as últimas duas.

Foi novamente empossada ministra da Agricultura e do Mar em outubro de 2015, mas o executivo de então apenas esteve em funções até ao mês seguinte.

Mãe de quatro filhos, foi a primeira mulher a estar grávida durante o exercício das funções de ministra.

No que toca a medidas para Lisboa, Assunção Cristas destaca três que pretende concretizar caso seja eleita.

Uma delas é a criação de um modelo de contratualização com o setor privado e social para garantir que todas as crianças da capital têm vaga na creche e pré-escolar, o que “não significa construir mais, mas aproveitar a rede que já existe”.

Outra proposta tem a ver com a “necessidade de habitação para a classe média em Lisboa”, refere, falando na futura utilização do terreno da antiga Feira Popular, em Entrecampos, para construir 1.000 apartamentos T0 a T4 “exclusivamente para arrendar a valores significativamente mais baixos que os de mercado, cerca de 30% abaixo”.

Sugere ainda a eliminação da Taxa Municipal de Proteção Civil, que vê como “injusta e ilegal”, além de “não ter razão de existência numa altura em que a Câmara de Lisboa diz que tem muito dinheiro”.

Ainda assim, o programa do CDS-PP não está fechado e, por essa razão, tem solicitado contribuições dos lisboetas através de carta e de e-mail, assim como através de conferências promovidas sob o mote “Ouvir Lisboa”.

Assunção Cristas anunciou em setembro passado a sua candidatura à presidência da Câmara de Lisboa, repetindo a iniciativa do seu antecessor na liderança do partido, Paulo Portas, em 2001.

Nessa eleição, Paulo Portas perdeu para Pedro Santana Lopes.

Antes, o CDS-PP já tinha tido um dirigente a presidir à autarquia, Nuno Krus Abecassis, que liderou a capital de 1980 a 1990.

Como adversários já conhecidos nestas eleições autárquicas, marcadas para 01 de outubro, terá João Ferreira (CDU), Ricardo Robles (BE) e Teresa Leal Coelho (PSD). Pelo PS, o candidato deverá ser o atual presidente, Fernando Medina.

O CDS tem um vereador no executivo, eleito pela coligação PSD/CDS/MPT, que conseguiu quatro mandatos em 2013. A maioria PS tem 11 e o PCP/PEV um.