Antony Blinken sublinhou também que tal agravaria as relações entre os Estados Unidos e Israel.

Na sua sexta missão urgente ao Médio Oriente desde que a guerra israelita em Gaza começou, a 7 de outubro do ano passado, Blinken falava depois de se ter reunido com diplomatas árabes de topo no Cairo para debater os esforços para um cessar-fogo e ideias para o futuro pós-conflito da Faixa de Gaza.

Segundo o chefe da diplomacia norte-americana, “um cessar-fogo imediato e sustentado”, com a libertação de reféns israelitas mantidos pelo Hamas é urgentemente necessário e as divergências estão a diminuir nas negociações indiretas que os Estados Unidos, o Egito e o Qatar andam há semanas a mediar.

Na sexta-feira, Blinken deslocar-se-á a Israel para se encontrar com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o seu gabinete de guerra.

As crescentes divergências entre Netanyahu e o Presidente norte-americano, Joe Biden, sobre a continuação da guerra vão provavelmente ensombrar as conversações — em particular quanto à determinação de Netanyahu de lançar uma ofensiva a Rafah, onde mais de um milhão de palestinianos procurou refúgio dos devastadores ataques israelitas aéreos e terrestres ao norte do território.

Netanyahu defende que, sem uma invasão de Rafah, Israel não poderá atingir o seu objetivo de destruir o Hamas, após o ataque que, a 07 de outubro, fez 1.163 mortos em território israelita, na maioria civis, e cerca de 250 reféns e que, no mesmo dia, desencadeou a guerra de Israel na Faixa de Gaza.

“Uma grande operação militar em Rafah seria um erro, algo que não apoiamos. E também não é necessária para lidar com o Hamas”, declarou Blinken numa conferência de imprensa no Cairo.

Uma grande ofensiva significaria mais mortes de civis e um agravamento da crise humanitária em Gaza, argumentou, acrescentando que as suas conversações sobre Rafah em Israel na sexta-feira e na próxima semana em Washington se destinam a partilhar ações alternativas.

Numa chamada telefónica de cerca de 45 minutos com senadores Republicanos na quarta-feira, Netanyahu assegurou que iria ignorar avisos sobre uma operação em Rafah.

Também criticou o facto de o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, ter condenado na semana passada o número de civis mortos em Gaza e ter apelado para a realização de novas eleições em Israel, num discurso que Biden mais tarde disse ter sido “bom”.

Segundo os senadores que participaram na reunião, Netanyahu afiançou que Israel irá avançar em Rafah.

O senador John Kennedy, Republicano da Luisiana, disse que o chefe do executivo israelita “deixou muito claro que ele e o povo de Israel pretendem prosseguir a guerra até aos limites do seu poder e que tal não será ditado nem pelo senador Schumer nem pelo Presidente Biden”.

A promessa de Netanyahu de avançar sobre Rafah está a alarmar os Estados Unidos e outros países, que afirmam que tal terá como resultado uma catástrofe humanitária ainda maior na Faixa de Gaza, sem um plano credível para de lá retirar os civis.

As autoridades norte-americanas disseram que ainda não viram um tal plano e estão preparadas para propor alternativas a uma ofensiva total à cidade palestiniana.

Enquanto Blinken e os ministros árabes estavam reunidos, o Ministério da Saúde de Gaza elevou o número de mortos naquele território para cerca de 32.000 palestinianos desde que a guerra começou. Além disso, responsáveis da ONU intensificaram os alertas de que está “iminente” uma fome no norte da Faixa de Gaza.

As conversações no Cairo reuniram Blinken com os ministros dos Negócios Estrangeiros do Egito, da Jordânia, do Qatar, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, bem como com um alto responsável da Organização de Libertação da Palestina (OLP), o organismo internacionalmente reconhecido que representa o povo palestiniano. Discutiram também formas de aumentar a distribuição urgente de ajuda humanitária a Gaza por terra, ar e mar.