De acordo com dados do Projeto Migrantes Desaparecidos, da OIM, o aumento do número de mortes no Mediterrâneo central acontece quando há relatos de atrasos nas respostas de resgates liderados pelos países e também pelos entraves colocados às operações realizadas por navios de busca e salvamento (SAR) de organizações não-governamentais (ONG) no Mediterrâneo central.

A OIM referiu que a rota do Mediterrâneo central é a mais perigosa do mundo: "A persistência da crise humanitária no Mediterrâneo central é intolerável”, disse o diretor-geral da OIM, António Vitorino, citado numa nota.

“Com mais de 20.000 mortes registadas nesta rota desde 2014, temo que estas mortes estejam a normalizar-se. Os Estados devem responder. Os atrasos e lacunas na busca e salvamento liderados pelos Estados estão a custar vidas humanas”, afirmou Vitorino.

O diretor geral da OIM ainda fez um apelo aos Estados: “Precisamos ter uma coordenação pró-ativa liderada pelos Estados nos esforços de busca e salvamento. Guiados pelo espírito de partilha de responsabilidade e solidariedade, pedimos aos Estados que trabalhem juntos para reduzir a perda de vidas nas rotas de migração”.

Os atrasos nos resgates liderados pelos Estados na rota do Mediterrâneo Central foram um dos fatores responsáveis em pelo menos seis incidentes neste ano, levando à morte de pelo menos 127 pessoas. A completa ausência de resposta a um sétimo caso provocou a morte de pelo menos 73 migrantes, segundo a OIM. Recentemente, os esforços de busca e salvamento liderados pelas ONG diminuíram consideravelmente, indicou a organização.

De acordo com a organização, o número total de 441 mortes documentadas no Mediterrâneo Central nos primeiros três meses deste ano deve estar subestimado.

O Projeto Migrantes Desaparecidos está a investigar vários relatos de naufrágios “invisíveis” – casos em que embarcações são dadas como desaparecidas, mas não há registos de sobreviventes, restos mortais ou operações SAR. O destino de mais de 300 pessoas a bordo destes barcos permanece incerto.

De recordar que segundo a lei, todas as embarcações marítimas, incluindo navios comerciais, têm a obrigação de prestar socorro a barcos em perigo. A OIM também pede mais ações concertadas para desmantelar redes criminosas de tráfico e processar os responsáveis por lucrar com o desespero de migrantes e refugiados ao facilitar viagens perigosas.