“Renunciei ao mandato porque recebi um convite muito simpático do senhor presidente da Câmara [o socialista Fernando Medina] e do senhor vice-presidente [Duarte Cordeiro, também líder da Federação da Área Urbana de Lisboa do Partido Socialista] para ser cabeça de lista do PS à freguesia de Marvila”, disse o ex-autarca da Ajuda, José António Videira.

“Apesar de me poder recandidatar à presidência da Junta de Freguesia da Ajuda, o senhor presidente da Câmara e o PS entenderam que o meu contributo era mais válido na terra onde resido há 11 anos”, acrescentou.

José António Videira precisou que o seu quotidiano também é passado em Marvila, já que o seu filho de nove anos estuda numa escola daquela freguesia e pertence a um grupo de escuteiros da zona.

“Podia terminar o mandato, mas resolvi não o fazer porque vou, brevemente, apresentar a minha lista e não achei correto ser candidato a uma freguesia estando a desempenar funções noutra”, referiu o autarca.

José António Videira adiantou que, “do ponto de vista ético e moral”, entendeu ser “melhor separar as águas”.

Na reunião da Assembleia Municipal desta tarde, a presidente deste órgão deliberativo, Helena Roseta, informou que “o presidente de uma Junta de Freguesia de Lisboa renunciou ao seu mandato, tendo-se realizado, no passado dia 03 de julho, pelas 21:00, uma sessão extraordinária da assembleia de freguesia, durante a qual tomou posse o novo presidente dessa Junta, que até então exercia mandato como deputado municipal”.

O novo presidente é o socialista Hugo Lobo, que deixa de ser deputado municipal eleito pelas listas socialistas e passa a ser membro daquele órgão por inerência, como acontece com os restantes presidentes de Junta de Freguesia.

Helena Roseta indicou, na mesma comunicação, que solicitou “com urgência” um parecer ao departamento jurídico do município para saber se as decisões tomadas pela Assembleia Municipal na reunião de 04 de julho “estão válidas ou feridas de alguma ilegalidade”, uma vez que José António Videira não compareceu.

“Só dois dias depois [06 de julho] é que foi rececionado nos serviços da Assembleia a sua renúncia ao cargo de deputado” por inerência, notou Helena Roseta, que questionou o departamento jurídico sobre como resolver esta situação, “caso haja alguma ilegalidade”.

Na reunião de 04 de julho, os deputados municipais aprovaram o relatório de gestão e as demonstrações financeiras consolidadas do município, documentos relativos ao ano de 2016 que mereceram os votos contra de quase toda a oposição (CDS-PP, MPT, PSD, PCP, PEV e BE), a abstenção do PAN e os votos favoráveis do PS, Parque das Nações por Nós (PNPN) e Cidadãos por Lisboa (eleitos nas listas socialistas).

As eleições autárquicas estão marcadas para 01 de outubro.