“A cidade tem que olhar para vocês como lisboetas”, disse o candidato do Bloco de Esquerda (BE) aos imigrantes que estavam hoje de manhã na sede da Associação Solidariedade Imigrante, no andar de um prédio na Baixa de Lisboa, organização que presta apoio a esta população.

Durante uma visita ao espaço, “com as condições no limite e onde há zonas do teto a cair”, Ricardo Robles destacou o “trabalho fantástico” da associação que ajuda imigrantes “que têm pela frente processos kafkianos, porque só encontram obstáculos, e querem simplesmente o direito a viver no país, a trabalhar, a contribuir para a segurança social, com os seus impostos e o seu trabalho, e ajudar a desenvolver a economia do país”.

“A cidade tem que tratá-los como trata todos os lisboetas”, reiterou, recordando que Lisboa é “uma cidade tradicionalmente de braços abertos, que gosta de receber”, tanto turistas como “quem precisa de refúgio, quem foge da guerra e da perseguição política”.

Lisboa “é uma cidade refúgio e deve continuar assim” e “o município tem uma palavra determinante nisto”.

Sobre a Associação Solidariedade Imigrante “está a pairar uma possibilidade de despejo e a Câmara sabe disto”.

“A Câmara tem espaços e era importante que não empurrasse estas associações para a periferia. É importante que fique aqui, onde estão os imigrantes, no coração da multiculturalidade da cidade”, afirmou.

O presidente da associação, Timóteo Macedo, número quatro na lista do BE à Câmara de Lisboa, esclareceu que o prédio onde está situada a sede “já foi vendido” e estará “para breve a ordem de despejo”. A Associação Solidariedade Imigrante ocupa aquele espaço desde 2011 e paga uma renda de 581 euros por mês (o senhorio é um privado).

Com cerca de 3.500 associados, que fazem dela “a maior associação de imigrantes da Europa, vive das quotas e de apoios pontuais, aos quais se candidata, da União Europeia e do Alto Comissariado para as Migrações (ACM).

Por dia, passam por ali “mais de 150 imigrantes à procura de ajuda, vindos de todo o país”. No ano passado passaram “mais de 150 mil”.

“Todos os dias temos a casa cheia de gente que não consegue ser gente. Nunca houve políticas mais retrogradas do que nos últimos anos”, lamentou Timóteo Macedo.

Ricardo Robles recordou que o BE se tem “batido ao longo dos anos por essa conquista fundamental que é tratar toda a gente por igual”, referindo a luta pelo “direito de eleger e de ser eleito, poderem representar quem pode votar neles”.

“Temos que garantir o direito de voto para toda a gente que cá vive, toda a gente que chama a esta cidade sua. Vamos continuar a bater-nos por isso. É um direito fundamental que tem que ser garantido para toda a gente”, defendeu.

Nas eleições autárquicas de 01 de outubro concorrem à presidência da Câmara de Lisboa Assunção Cristas (CDS-PP/MPT/PPM), João Ferreira (CDU), Ricardo Robles (BE), Teresa Leal Coelho (PSD), o atual presidente, Fernando Medina (PS), Inês Sousa Real (PAN), Joana Amaral Dias (Nós, Cidadãos!), Carlos Teixeira (PDR/JPP), António Arruda (PURP), José Pinto-Coelho (PNR), Amândio Madaleno (PTP) e Luís Júdice (PCTP-MRPP).