O regresso dos autocarros privados das operadoras de Gaia ao terminal das Camélias, no Porto, está sem perspetiva de acontecer, face à inexistência de contactos entre estes e a Câmara do Porto, disseram à Lusa fontes oficiais.

Quer a Câmara do Porto quer um dos operadores ouvidos pela Lusa disseram não existir quaisquer contactos entre as partes desde que os autocarros de vários operadores gaienses deixaram de ir ao terminal das Camélias, perto da Praça da Batalha, após a renovação do terminal no início de junho.

"Não houve negociações [desde junho]. Continuamos a aguardar para chegar a um consenso e disponíveis a conversar com a Câmara do Porto no sentido de encontrar a melhor solução", disse à Lusa o administrador da Espírito Santo, Luís Espírito Santo, sediada em Gaia.

Por seu lado, fonte oficial da Câmara do Porto confirma que desde que os operadores deixaram de ir ao terminal das Camélias "não houve qualquer contacto", acreditando assim a autarquia que "todos os envolvidos estão confortáveis com o Regulamento e com a opção do município", e que continua disponível para receber os operadores.

A Lusa tentou também contactar a UT Carvalhos, sem sucesso, e a MGC Transportes, cuja fonte oficial não quis falar sobre o caso mas confirmou que algumas das suas linhas deixaram de ir ao terminal das Camélias.

Em causa está o pagamento de uma taxa de permanência no terminal além dos 10 minutos do 'toque' (isento de pagamento) para largar e recolher passageiros, previsto no regulamento municipal, cujo tempo as operadoras dizem ser insuficiente e inviável financeiramente.

Como os operadores recusam efetuar esse pagamento, os autocarros terminam as viagens em Gaia na zona de General Torres e também da Serra do Pilar, no caso das provenientes das zonas de Oliveira do Douro e Gervide.

"Relativamente ao pagamento do toque, importa referir que esta informação é pública e faz parte do código regulamentar, tendo sido sempre transmitida aos operadores. O que é agora pedido é tempo de suporte para os autocarros ficarem estacionados. Sendo aquele um terminal central da cidade, pretendemos a maior rotatividade possível por parte dos operadores, até porque falamos de um espaço exíguo", refere a Câmara do Porto.

Um dos operadores pediu até uma hora de tempo de suporte para todas as viaturas, afirmando Luís Espírito Santo que a Câmara do Porto "deu o dito por não dito", ao primeiro dizer que as operadoras "não iam pagar nada", para "posteriormente dizer que afinal de contas iriam pagar a tal taxa a partir dos 10 minutos".

A Câmara do Porto refere, porém, que o "regulamento e respetiva tabela de preços estiveram em consulta pública entre o dia 03 de maio e o dia 14 de junho de 2023, período durante o qual não foi apresentada qualquer pronúncia".

Assim, no renovado terminal das Camélias têm apenas operado a Auto Viação Feirense, a Transdev (Caima) e algumas linhas da MGC Transportes.

Atualmente, estão a efetuar-se serviços da Feirense, Transdev e MGC para Lourosa (Vendas Novas), Castelo de Paiva, Oliveia de Azeméis, São João da Madeira, Louredo, Canedo, Aldeia Nova, Arnelas, Espinhaço, Mosteirô e Pisão.

Por outro lado, não estão a chegar ao Porto as linhas provenientes de localidades como Afurada, Chão Vermelho, Lavadores, Oliveira do Douro, Póvoa de Grijó, Praia de Salgueiros, Serzedo, Vila da Feira (feita pela UT Carvalhos), Olival, Espinho, Curro, Guimarães (Perosinho), Carvalhos, Vendas de Grijó, Barrancas, Aldriz, Figueira do Mato, Palmeira e Canelas.