Fontes militares e policiais explicaram à agência noticiosa espanhola Efe o funcionamento deste tipo de explosivo, conhecido como “a mãe de Satã”, que os membros da célula terrorista de Ripoll estavam a manipular na moradia de Alcanar (Tarragona) quando explodiu em pleno processo de preparação, a 16 de agosto, antes dos atentados em Barcelona (17 de agosto) e em Cambrils (18 de agosto), que fizeram 15 mortos e mais de 120 feridos.

Para fazer TATP, o explosivo que o grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI) usa nos seus atentados na Europa, são necessários três elementos relativamente acessíveis: um ácido forte, como o sulfúrico, peróxido de hidrogénio (água oxigenada) e acetona.

De acordo com as fontes consultadas, a grande quantidade de acetona que os ‘jihadistas’ compraram em princípios de janeiro, como consta de um recibo encontrado nos escombros da casa de Alcanar, daria para produzir entre 100 e 150 quilos de TATP, uma enorme quantidade quando comparada, por exemplo, com um projétil de artilharia de 155 milímetros, que tem apenas 35 quilos no seu interior.

“Fabricá-lo é fácil, vai-se a uma drogaria e compra-se o que é preciso”, resumem as fontes, acrescentando que misturar os ingredientes é que é mais complicado, já que se trata de um explosivo altamente instável e muito sensível ao calor ou a fricções.

O EI divulga na internet manuais sobre como fazer TATP, que supostamente os terroristas de Ripoll consultaram, e aconselha os seus membros a elaborá-lo, embora em algumas ocasiões estes ‘jihadistas’ utilizem um explosivo militar se tiverem acesso a ele, por se tratar de um material muito mais seguro e que se assemelha a plasticina.

A “mãe de Satã” pode apresentar a forma de pó seco ou de gel, embora na primeira forma tenha maior potência e seja, ao mesmo tempo, mais fácil de detonar.

No caso dos ‘jihadistas’ da Catalunha, eles preparavam-se para utilizar o explosivo seco, como se depreende das declarações do único sobrevivente de Alcanar, que disse à polícia catalã, os Mossos d’Esquadra, que estavam à espera que secasse para carregar as furgonetas e atentar contra monumentos de Barcelona, como a icónica basílica da Sagrada Família, desenhada por Gaudí.

Segundo os especialistas, depois da secagem, que demora entre 24 e 48 horas, o explosivo deve ser usado nas semanas seguintes, porque depois desse tempo começa a evaporar e desaparece.