"Está previsto e faz parte do levantamento que foi feito de placas para aqueles acessos, mas neste momento não está lá. Não consigo dizer se foi o mau tempo, se foi vandalizada, ou outra coisa qualquer, mas efetivamente neste momento não está lá a placa", disse à Lusa o comandante Pereira da Terra.

O comandante da Capitania do Porto de Cascais salientou que "da praia da Ursa até ao Cabo da Roca há cerca de dez placas de risco de derrocada", mas no acesso à praia da Ursa, através de um caminho inclinado e com pedras soltas, foi detetada a falta de uma placa de aviso.

"Estivemos no local com técnicos da APA [Agência Portuguesa de Ambiente] e da Proteção Civil de Sintra, responsáveis pela colocação e manutenção das placas e efetivamente não estava lá o aviso", explicou o responsável da capitania.

Uma derrocada na arriba da praia da Ursa, sem uso balnear, atingiu cinco pessoas que acampavam no areal, provocando a morte a um cidadão brasileiro, traumatismos numa jovem alemã e ferimentos ligeiros nos outros três.

"A última vez que fizemos o levantamento, que foi há cerca de um mês, se não me falha a memória, todas as placas estavam no local e todos os anos, antes da época balnear, voltamos a fazer essa volta", vincou o capitão do porto de Cascais.

A vítima mortal, de 23 anos, ainda foi assistida a uma paragem cardiorrespiratória, e a jovem com 18 anos sofreu politraumatismos, tendo sido retirados do areal por um helicóptero da Força Aérea Portuguesa.

Segundo o comandante dos voluntários de Almoçageme, Bruno Tomás, o grupo era constituído por três pessoas de nacionalidade brasileira e duas de nacionalidade alemã, todas com idades "na mesma faixa etária".

O comandante Pereira da Terra revelou que, de acordo com testemunhos, o grupo estava no local "há três dias", foi a segunda noite que ali passou, junto a uma arriba sinalizada como sendo de risco e numa praia onde "a subida da maré também é muito perigosa".

A APA, em comunicado, esclareceu que a "praia selvagem da Ursa nunca teve aptidão para o uso balnear, não estando, por conseguinte, classificada, nem como água balnear, nem como praia de banhos".

"Cabe à APA a identificação dos locais de risco a sinalizar, com os diferentes modelos de placas, cabendo à câmara municipal competente proceder à respetiva colocação", refere-se no comunicado.

O organismo do Ministério do Ambiente sublinhou que "efetua várias vistorias anualmente, designadamente para preparação da época balnear, informando as autarquias dos pontos com a sinalização em falta a colocar nas áreas de risco identificadas, bem como o tipo de placas a utilizar".

Elementos da APA deslocaram-se ao local, "para o registo da ocorrência, designadamente a avaliação das características morfológicas, geométricas e dimensionais da derrocada", e determinaram que "o volume mobilizado foi de cerca de 0.5 metros cúbicos".

No local, além do helicóptero, as operações de socorro envolveram 29 elementos, apoiados por 12 veículos, dos bombeiros de Almoçageme, do Serviço Municipal de Proteção Civil, do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Autoridade Marítima Nacional e GNR.