“Fizemos [a contratação] em condições independentes, sem nenhum favor a ninguém, e em condições financeiras absolutamente normais”, afirmou hoje Nuno Amado aos jornalistas, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do banco referentes a 2016.

De acordo com o responsável bancário, Orlando Figueira foi contratado em regime de prestação de serviços para substituir um diretor de departamento que estava de baixa por doença, tendo sido escolhido fazer um contrato de prestação de serviços para que não fosse aumentado o número de efetivos.

“Não queríamos aumentar o quadro, estávamos num processo de redução e essa pessoa tinha na nossa perspetiva da altura um perfil e conhecimento adequados”, acrescentou Amado, que recusou outras “teses” que existam sobre esta contratação.

Orlando Figueira, que exerceu funções como magistrado do Ministério Público entre 1990 e 2012, é suspeito de corrupção passiva por ter arquivado um processo relacionado com o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente.

De acordo com o jornal Público, o Ministério Público considera que foi em paga desse favor que o ex-procurador foi contratado pelo BCP em 2012, depois de um pedido nesse sentido ter sido feito por Manuel Vicente ao administrador do banco Iglésias Soares.

Ainda segundo o jornal, os 3.500 euros de avença mensal pagos pelo BCP ao consultor externo eram complementados com outra quantia entregue a Orlando Figueira por sociedades ligadas a Manuel Vicente.

O BCP tem como principais acionistas o grupo chinês Fosun, que entrou no banco no final de 2016 e tem agora cerca de 24% do capital social, e a petrolífera estatal angolana Sonangol, com cerca de 15%.

O banco registou um resultado líquido de 23,9 milhões de euros no ano passado, um recuo de 89,8% face ao lucro de 235,3 milhões de euros em 2015, informou hoje o banco.