Num requerimento enviado ao presidente da Assembleia Municipal da Amadora (distrito de Lisboa), a que a agência Lusa teve hoje acesso, os bloquistas pedem que Carla Tavares esclareça os fundamentos que levaram à exclusão da autora Amanda Baeza de um projeto artístico, de criação de ‘outdoors’ ilustrados com autoras portuguesas, para celebrar em abril a ‘revolução dos cravos’.
Em causa está, explica o grupo municipal do BE, a existência de “duas versões contraditórias” sobre o motivo da exclusão da autora lusa-chilena.
Em 29 de março, em declarações à agência Lusa, a autora luso-chilena Amanda Baeza afirmou ter sido afastada pela Câmara Municipal da Amadora de um projeto comemorativo da revolução de 25 Abril de 1974, “por uma questão de identidade.”
“E ali me fecharam a porta, sem me darem a oportunidade de falar sobre o assunto ou esclarecer a minha situação. Eu tenho dupla nacionalidade. Filha de pai chileno, nascido no Chile, e mãe portuguesa, nascida em Angola. Sou chilena, sim, mas também sou portuguesa. Havendo dúvidas, resolvia-se falando comigo. A decisão não é correta”, contou Amanda Baeza à Lusa.
No entanto, um dia depois, recordam os bloquistas, durante uma reunião da Assembleia Municipal, Carla Tavares afirmou, em resposta ao BE, que as alegadas declarações “são improcedentes” tendo em conta o historial de participação da artista Amanda Baeza em outras atividades do município.
Nessa resposta ao Bloco de Esquerda, referida no requerimento, a autarca assegurou que o único motivo pelo qual a Câmara da Amadora excluiu a artista foi porque Amanda Baeza entregou a sua candidatura fora de prazo.
“Tendo em consideração de que existem duas versões contraditórias sobre qual o motivo de exclusão da artista e sendo que a alegação da artista remete para motivos de ordem discriminatória e xenófoba, deveria a Autarquia, na pessoa da sua presidente prestar um esclarecimento com base em evidência aos munícipes da Amadora. É preciso eliminar qualquer acto ou prática que remetam para casos de discriminação ou xenofobia, em todas as esferas da vida e nas instituições”, defendem os bloquistas.
Face à justificação evocada pela presidente da Câmara da Amadora, Carla Tavares, o BE pretende agora que o executivo municipal esclareça se foi transmitido à artista luso-chilena o prazo da candidatura e qual foi a data em que esta foi submetida.
A ilustradora e autora de banda desenhada Amanda Baeza nasceu em 1990 em Portugal, passou a infância no Chile e regressou ao país de nascença onde estudou, vive e trabalha há mais de duas décadas, com obra publicada e participação em várias exposições. No festival AmadoraBD expôs em 2014, 2015 e 2018.
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