O secretário-geral da CGT, Philippe Martínez, justificou hoje, numa entrevista à rádio France Info, a sua recusa do acordo alcançado de madrugada entre a TotalÉnergies e duas centrais maioritárias (CFDT e CFE-CGC), porque o aumento de salário proposto está longe das exigências de uma progressão geral de 10%.

De acordo com a interpretação do texto feita por Martínez, a direção concorda com um aumento salarial geral de 5%, ao qual seriam acrescidos os aumentos individuais e a diuturnidade, quando o que o seu sindicato está a exigir é um aumento salarial geral de 10%, para compensar o aumento da inflação, e que os trabalhadores participem da “distribuição da riqueza” quanto aos lucros do grupo.

“Por enquanto, 5% está longe de ser 10%. É metade”, observou o ‘número um’ da CGT, acrescentando que se a liderança concordou em sentar-se para negociar, apesar da resistência durante muitos dias, é porque o desemprego está a ser “massivo”.

Hoje de manhã, as assembleias gerais de trabalhadores decidiram continuar com as greves nas refinarias da TotalÉnergies, mas nas duas refinarias da ExxonMobil foi decidido voltar ao trabalho. A situação, no entanto, pode evoluir nas próximas horas.

A ministra da Transição Energética, Agnès Pannier-Runacher, em entrevista ao canal LCI, pediu às organizações sindicais que continuem a negociar, com o argumento de que “o diálogo social é a única saída”.

A governante tem insistido que as mobilizações forçadas de trabalhadores, decididas até agora pelo Governo, têm sido “seletivas” e com o objetivo de abastecer o número máximo de postos de abastecimento.

Na quinta-feira à tarde havia 29,1% de todo o país sem combustível, segundo dados oficiais. As filas para abastecimento nas bombas de gasolina exigem, em muitos casos, mais de uma hora de espera.

Pannier-Runacher repetiu que “é importante encontrar um acordo maioritário nas próximas horas” para encerrar um conflito que está a provocar grande desgaste no governo de Emmanuel Macron.

O conflito corre o risco de se agravar com a convocação, por um grupo de sindicatos liderado pela CGT, de greves em todos os setores, inclusive nas administrações públicas, na próxima terça-feira, para exigir sobretudo aumentos salariais que compensem a inflação.

Antes disso, o grande partido da esquerda, La France Insumisa, está a organizar para domingo, em Paris, uma manifestação nacional pelo poder de compra, à qual os sindicatos não aderiram.