O depoimento teve início por volta das 14:00 locais (18:00 em Lisboa) e foi determinado pelo juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Este é o quarto depoimento que Bolsonaro presta às autoridades policiais, que também o investigam por incentivo a atos antidemocráticos, tentativa de apropriação de joias que lhe foram entregues pela Arábia Saudita e alegada fraude com certificados de vacinação contra a covid-19, entre outros assuntos.

Além disso, a justiça eleitoral condenou Jair Bolsonaro à ineligibilidade para os próximos oito anos por ataques ao sistema eleitoral brasileiro durante um reunião com embaixadores estrangeiros.

Desta vez, o ex-presidente foi convocado a depor sobre supostos planos revelados pelo senador Do Val, que já deu pelo menos quatro versões diferentes sobre o caso.

Em junho, a Polícia Federal brasileira realizou buscas nos escritórios e residências do senador declarado apoiante do ex-presidente, numa ação também autorizada pelo magistrado Alexandre de Moraes.

O senador está a ser investigado nesse processo desde fevereiro, quando denunciou uma bizarra trama golpista, que na realidade foi interpretada como uma tentativa de desqualificar o próprio juiz Alexandre de Moraes.

Do Val deu várias versões, algumas contraditórias, na qual disse que em dezembro, antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva, se encontrou com Bolsonaro e Daniel Silveira, militante da direita mais radical brasileira.

Segundo o senador, nesse encontro foi orientado a pedir uma reunião com Alexandre de Moraes, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral, e a gravar a conversa sem que o juiz percebesse.

A intenção, segundo Do Val, era que o juiz aceitasse alguma suposta irregularidade para favorecer Lula da Silva nas eleições, o que teria servido de pretexto para invalidar as eleições e manter Bolsonaro no poder.

O próprio Alexandre de Moraes admitiu que, em dezembro passado, se encontrou com o senador, que revelou este alegado plano, mas recusou apresentar uma queixa formal.

Segundo o magistrado, a Polícia Federal deverá apurar se houve de facto um plano nesse sentido e também determinar se o senador pode ter incorrido nos supostos crimes de “falso testemunho” e “denunciação caluniosa”.

Essa investigação foi enquadrada no processo judicial aberto após 08 de janeiro, quando uma multidão de radicais pró-Bolsonaro invadiu e vandalizou as sedes da Presidência, do Supremo Tribunal Federal e do parlamento, numa clara tentativa de forçar um golpe contra Lula da Silva, que havia assumido o poder uma semana antes.