Catorze viaturas e 57 operacionais eram os meios da corporação local para combater um fogo "completamente desgovernado", que fustigou quase todo o concelho, disse à agência Lusa o segundo comandante dos bombeiros da Pampilhosa da Serra, José Almeida, que esteve a coordenar as operações de combate.

Em vez de 14 viaturas, se tivessem "30, 40 ou 50" seria possível "reforçar meios" e "abranger mais localidades, em termos de apoio" às habitações e pessoas, salientou.

"As pessoas precisam também de sentir a presença dos bombeiros. Embora tenhamos o sentimento de impotência, conseguimos proteger e evitar que o fogo se propagasse a mais habitações. E também precisávamos de apoio e retaguarda e isso revolta-nos. A mim, revolta-me", frisou o responsável, referindo que o sentimento de revolta é sentido por toda a corporação.

O reforço só chegou hoje às 02:00, de Viana do Castelo, quando ainda na segunda-feira a corporação tinha que lidar com quatro frentes - "uma de 600 metros, outra de um quilómetro, outra de 1,5 quilómetros e outra de dois quilómetros" -, destacou, explicando que tinha uma viatura para cada frente.

Para José Almeida, "se não fosse a ajuda de São Pedro ardia o resto do concelho".

A juntar-se à revolta da falta de apoio está a exaustão de bombeiros que dormiram apenas "duas ou três horas" e a impotência perante um fogo diferente.

"Foi tudo muito rápido. Em 2005, tivemos uma situação idêntica, mas o que ardeu em 2005 em quatro dias, ardeu este ano em dez ou 12 horas", sublinhou José Almeida, considerando que houve um sentimento de impotência perante as chamas avassaladoras.

"Não é atirar a toalha ao chão, mas é dizer: Porquê? O quê? O que é que eu faço? Qual é a estratégia? Não há. Não se consegue. É manter a cabeça fria e tentar salvar as pessoas. Era isso que pedia aos meus combatentes: era salvarmos as pessoas ao máximo", explanou o segundo comandante da corporação.

O presidente da Câmara, José Brito, que também já foi bombeiro corrobora.

"Nunca me lembro de ver um incêndio tão violento a dizimar uma área tão grande", contou, referindo que seria "suicídio meter-se à frente das chamas".

"Quem se metesse à frente das chamas morria", notou, salientando que os bombeiros, com escassos meios e apenas duas viaturas na vila quando as chamas chegaram à sede do concelho, "protegeram o mais importante".

Agora, sublinha, há que "ter força" para o concelho se levantar.