Num áudio hoje divulgado pelo jornal Folha de São Paulo, é possível ouvir o responsável máximo da educação brasileira a assumir que dá prioridade a obras em municípios escolhidos por dois pastores próximo de Bolsonaro.

“A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, afirmou o ministro da Educação.

“Foi um pedido especial que o Presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, acrescentou o ministro na conversa em que participaram responsáveis de vários municípios e os dois pastores em questão: Gilmar Santos e Arilton Moura.

Desde janeiro de 2021, segundo a Folha de São Paulo, os dois pastores próximos de Bolsonaro negociaram com várias prefeituras e libertação de recursos federais para a construção e requalificação de escolas, campos de futebol, ou mesmo para a compra de equipamentos tecnológicos.

Na sequência da divulgação do áudio, a posição insurgiu-se e apresentou queixa ao Supremo Tribunal de Justiça e à Procuradoria-Geral da República.

A revelação do áudio gerou uma tempestade em torno do ministro da Educação, que é também pastor de uma igreja evangélica e que já foi criticado pela oposição por orientar o seu trabalho no Governo pelas suas crenças religiosas.

Ribeiro já enfrenta um julgamento do Supremo Tribunal sob acusações de homofobia por ter declarado publicamente que os homossexuais são “o produto de famílias desajustadas”, bem como por ter sido acusado de promover ideias de extrema-direita na educação.

Bolsonaro e Ribeiro não comentaram o áudio, mas a questão tem mesmo ressoado junto de grupos interpartidários que defendem os interesses das igrejas evangélicas no parlamento.

Sóstenes Cavalcante, membro do Partido Liberal (PL), ao qual pertence Bolsonaro, disse que o ministro “deve uma explicação às igrejas pentecostais”.

Esta questão adquire maior importância para estes grupos religiosos, que são muito ativos na política, especialmente porque este ano o Brasil vai às urnas para eleger um novo Presidente e governadores, bem como para renovar as câmaras legislativas, onde os evangélicos têm uma forte presença e influência.