Numa mensagem no Facebook, a embaixada do Brasil em Kiev recomendou aos cidadãos brasileiros um redobrar de atenção e que evitem “as províncias ucranianas de Donetsk e Lugansk”. Aos que já estão nessas regiões, apela a que saiam “sem demora”.

“Os cidadãos brasileiros na Ucrânia devem ainda estar atentos à possibilidade de novos cancelamentos ou adiamento de voos internacionais na próxima semana”, alertou a embaixada, recordando que a companhia alemã Lufthansa já anunciou a suspensão temporária de voos de Kiev e Odessa, a partir de segunda-feira.

O apelo da embaixada surge na semana em que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, fez uma visita oficial à Rússia, admitindo que a viagem gerou desconforto diplomático noutros países, tendo em conta o clima de tensão por causa da Ucrânia.

“O Brasil é um país soberano, mas tivemos a informação de que alguns países queriam que a reunião não acontecesse e que algo poderia acontecer com a nossa presença aqui, mas pela leitura que tenho de Vladimir Putin, ele é uma pessoa que também busca a paz”, afirmou Bolsonaro.

São já cerca de 40 os países que recomendaram aos seus cidadãos que abandonem a Ucrânia assim que possível. A lista inclui Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Noruega, Dinamarca, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Espanha, Israel, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Iraque, Kuwait, Itália e Portugal.

Estes apelos seguiram-se à declaração dos Estados Unidos de que a Rússia poderá invadir a Ucrânia “a qualquer momento” nos próximos dias.

O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.

Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.

Entretanto, nos últimos dias, o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos têm vindo a acusar-se mutuamente de novos bombardeamentos no leste do país, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.

Os líderes dos separatistas pró-russos de Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, decretaram hoje a mobilização geral para fazer face a este aumento da violência.

Os observadores internacionais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) informaram na sexta-feira que as violações do cessar-fogo na região registaram um “aumento significativo”, com mais de 800 violações só na sexta-feira, mais do triplo da média do último mês.