"O contexto é grave e o tempo limitado. O relógio está a contar", disse Michel Barnier à imprensa em Lisboa, após um encontro com o primeiro-ministro português, António Costa.

Barnier frisou que, após o chumbo pelo Parlamento britânico do acordo de saída negociado entre Londres e Bruxelas, Theresa May deve prosseguir o diálogo político com os deputados britânicos "e dizer o que pretende".

"É responsabilidade dos deputados britânicos, do Governo britânico, dizer o que pensam deste acordo que negociámos juntos. Esperamos que, após o diálogo político, May nos diga como vão ser as coisas", afirmou.

"Vamos manter-nos calmos e unidos", disse.

Depois de, hoje de manhã, ter afirmado na Assembleia da República que "se o Reino Unido mexer nas linhas vermelhas, a União Europeia mexe imediatamente", Barnier voltou a frisar que a relação futura entre a UE e o Reino Unido, cujas linhas são definidas na declaração política anexa ao acordo de saída, será tão ambiciosa quanto Londres quiser.

"Se o Reino Unido quer uma relação económica mais ambiciosa do que a que está inscrita na declaração política, é possível. Estamos abertos. Se quer mais ambição estamos prontos a ser mais ambiciosos", disse.

António Costa secundou esta mensagem, afirmando a disponibilidade de Portugal, como dos restantes Estados-membros, para uma relação mais ambiciosa.

"Neste momento não se trata de a UE, de Michel Barnier, dar qualquer passo. Theresa May ficou de apresentar até dia 21 ao Parlamento britânico uma nova posição. Se o Reino Unido desejar uma relação mais ambiciosa com a UE do que está na declaração política anexa ao acordo, estamos disponíveis", disse.

"Tudo o que o Reino Unido queira para ficar na UE ou ter a relação mais ampla possível com a UE, obviamente é bem-vindo e não terá nenhuma oposição", acrescentou.

Sobre o acordo de saída em si, no entanto, tanto Costa como Barnier frisaram que ele "é o melhor possível" que podia ser obtido após uma negociação "extraordinária e complexa" com Londres.