"É vital para ambos os lados que acertemos nisto, que protejamos os direitos e privilégios [dos cidadãos europeus] e tenho a certeza absoluta que conseguiremos. Essa é uma mensagem que eu tenho para os nossos amigos e parceiros na União Europeia e aqui em Lisboa", afirmou Boris Johnson, que hoje realiza uma visita oficial a Portugal.

O chefe da diplomacia britânica defendeu que “agora é altura de continuar com essas negociações e prosseguir para a segunda fase, definirmos os direitos dos cidadãos e avançar para discutir a nossa nova parceria económica”.

Boris Johnson falava no final de um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, tendo como cenário as bandeiras do Reino Unido, de Portugal e da União Europeia.

"Há tanto que podemos fazer juntos", afirmou Johnson.

O governante britânico, que liderou a campanha pelo ‘Brexit’ no referendo que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), referiu que o seu país “beneficia com os 400 mil portugueses que contribuem tanto para a vida, cultura e economia” do Reino Unido, destacando também os três milhões de turistas britânicos que visitam anualmente Portugal.

“Nada é mais importante para mim ou para todos nós do que preocuparmo-nos com os cidadãos nos nossos países, que consigamos resolver isto e o mais depressa possível”, disse, rejeitando que os europeus possam ser forçados a sair do território britânico no pós-Brexit.

“Não imagino circunstâncias em que seja pedido aos 400 mil portugueses ou ao milhão de polacos que saiam ou em que tenham os seus direitos prejudicados. É impensável”, afirmou o governante britânico, antes de apelar à aceleração das negociações.

Boris Johnson acrescentou: “Temos de ter um acordo e não podemos fazer isso enquanto tivermos este atraso dos nossos parceiros. Apelo respeitosamente para avançarmos e levarmos à próxima fase. Essa é a forma de dar às nossas populações a máxima segurança. Agora é o momento para a fase dois das negociações”.

Da parte do Governo português, o ministro dos Negócios Estrangeiros salientou que há aspetos “por fechar” na negociação sobre os direitos dos cidadãos, mas estimou que este dossiê poderá ser fechado até dezembro.

Santos Silva sustentou que a conclusão deste acordo “facilitará imenso” o desenvolvimento dos acordos mais gerais.

Portugal considera “redundante” e pede às autoridades britânicas que reconsiderem a necessidade de “toda a gente se registar de novo”, referiu, comentando ainda que falta um acordo sobre o reagrupamento familiar e a portabilidade dos direitos sociais.

O governante salientou que Portugal foi um dos países que, no Conselho Europeu da semana passada, defenderam que “fosse dado um sinal positivo”.

“Não era ainda altura de verificar que havia passos suficientes para passar à segunda fase das negociações, mas o Conselho Europeu decidiu, e bem, mandatar os serviços para iniciar os trabalhos preparatórios para que possamos, em dezembro, verificados esses progressos, avançar para a segunda fase das negociações”, explicou.

Os 27 Estados-membros que constituirão a UE depois da saída de Londres têm defendido que não há condições para avançar para a segunda fase das negociações – em que se definirá a relação futura – sem que estejam fechados os critérios da saída, o que inclui a questão dos direitos dos europeus, a clarificação sobre as fronteiras entre a Irlanda e a Irlanda do Norte e as obrigações financeiras de Londres.

Questionado sobre a posição da Irlanda, de que as conversações sobre o ‘Brexit’ não podem avançar sem que haja uma clarificação sobre a fronteira, Boris Johnson disse hoje acreditar numa “solução técnica” que combine a necessidade de o Reino Unido sair da união aduaneira e do mercado comum, mas “mantendo as liberdades que as pessoas adquiriram ao longo das gerações”.

[Notícia atualizada às 14:32]