David Cameron anuncia intenção de se demitir em outubro

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou hoje a intenção de se demitir em outubro, na sequência do referendo em que os britânicos decidiram pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

“Os britânicos tomaram uma decisão clara […] e penso que o país precisa de um novo líder para tomar essa direção”, disse David Cameron, que fez campanha pela permanência do Reino Unido na UE.

“Penso que não estaria certo eu tentar dirigir o país para o seu novo destino. Penso que o correto é que esse novo primeiro-ministro acione o artigo 50.º”, acrescentou.

Cameron referia-se ao artigo do Tratado de Lisboa que afirma que “qualquer Estado-Membro pode decidir, em conformidade com as respetivas normas constitucionais, retirar-se da União”.

Boris Johnson não quer pressa para negociar saída da UE

O ex-“mayor” de Londres Boris Johnson, afirmou esta sexta-feira que "não há necessidade de pressa" para negociar uma decisão inédita. A UE "foi uma ideia nobre na sua época", mas "não era a mais correta para este país", afirmou Johnson.

"Agora temos uma oportunidade gloriosa para aprovar as nossas leis e fixar os nossos impostos de acordo com as necessidades do Reino Unido", completou o líder anti-UE dentro do Partido Conservador.

Johnson prestou homenagem ao primeiro-ministro David Cameron, que decidiu convocar o referendo que resultou na vitória do Brexit, por 51,9% votos contra 48,1%.

Os presidentes das instituições europeias pediram num comunicado conjunto ao governo britânico que torne efetiva a decisão dos britânicos "o mais rápido possível" e que inicie o processo de saída da UE.

Negociações de saída nunca foram realizadas até hoje no bloco europeu. "Agora esperamos que o governo do Reino Unido torne efetiva a decisão do povo britânico o mais rápido possível, por mais doloroso que possa ser este processo", afirma o comunicado.

Escócia “vê o seu futuro como parte da UE

A Escócia vê o seu futuro como “parte da União Europeia”, disse hoje a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon.

Sturgeon já tinha indicado que, caso fosse este o resultado, tal poderia precipitar um novo referendo sobre a independência da Escócia.

“A Escócia vê o seu futuro como parte da UE. A Escócia votou de forma clara e decisiva para permanecer como parte da União Europeia, 62 contra 38 por cento”, afirmou a primeira-ministra, em declarações à BBC.

Juncker nega que referendo britânico represente o início do fim da UE

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, negou esta sexta-feira em conferência de imprensa que o resultado do referendo no Reino Unido represente o início do fim da UE. "Não", respondeu Juncker de forma lacónica ao ser questionado sobre a possibilidade.

Brexit é um "golpe" para a Europa, declara Merkel

"Não há volta a dar. É um golpe para a Europa", afirmou Angela Merkel, esta sexta-feira, após a vitória do Brexit. “O que acontecer nos próximos dias, meses, anos, vai depender do que nós (os restantes 27 estados-membros) formos capazes de fazer e estivermos dispostos a fazer.”

A chanceler alemã avisou que “os desafios são enormes” e que “os países não devem trabalhar individualmente”. Merkel recordou que o processo de saída pode levar anos mas “precisamos de garantir que os europeus sentem que a União Europeia quer melhorar as nossas vidas. Esta é a missão da União Europeia e de todos os Estados-membros”.

Para Hollande, voto britânico "põe Europa à prova"

O Presidente francês considerou hoje que o voto britânico a favor da saída da UE "põe a Europa à prova", obrigando-a a deixar "de atuar como até aqui" e "concentrar-se no essencial".

O Presidente francês lamentou "profundamente esta escolha dolorosa", mas lembrou tratar-se de "uma escolha" dos britânicos "que é preciso respeitar". "A Europa não pode continuar a atuar como até aqui (...) deve concentrar-se no essencial", disse.

A França vai tomar a iniciativa para que a UE se concentre na segurança, investimento para o crescimento e emprego, harmonização fiscal e social e o reforço da zona euro.

"A Europa deve ser portadora de projetos e não perder-se em procedimentos", declarou.

O chefe de Estado francês sublinhou que "está em jogo a diluição da Europa (...) ou a reafirmação da sua existência" depois de mudanças profundas.

"União Europeia tem que ser útil", afirma António Costa

O primeiro-ministro português afirmou esta sexta-feira que "este é um dia triste para a União Europeia", mas António Costa vê a decisão dos britânicos como uma oportunidade. “A UE tem de ser útil às suas vidas: reforçar o sentimento de segurança; conseguir ser um espaço de liberdade; termos uma economia que assegure a prosperidade; uma moeda única que facilite ligações comerciais e recuperar valores da UE”, afirmou.

Segundo António Costa, a UE deve olhar para este resultado como um “desafio” pois trata-se de um “sinal muito forte que muitos cidadãos não se revêem naquilo que a UE tem vindo a tornar-se".

Marcelo acredita que interesses dos portugueses no Reino Unido não estão em causa

O Presidente da República manifestou-se hoje convicto de que a saída do Reino Unido da União Europeia não põe em causa os interesses de Portugal e dos portugueses a viver e trabalhar naquele país. Marcelo Rebelo de Sousa tem a "convicção de que os interesses de Portugal, bem como os dos portugueses a viver e a trabalhar no Reino Unido, continuarão a ser prosseguidos não obstante esta decisão".

"Seguirei em todo o caso com grande atenção o evoluir da situação e posso assegurar que Portugal não deixará de apoiar os nossos compatriotas e luso-descendentes no Reino Unido, país ao qual nos ligam sete séculos de história de uma aliança sem par", acrescenta o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa refere ainda que "ao fim e ao cabo, o Reino Unido continua a ser, cultural, economicamente e em termos de paz e segurança, um país europeu".

Tsipras pede à UE para acordar e “mudar políticas”

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, afirmou hoje que o referendo britânico deve acordar a UE para a necessidade de "mudar de políticas", caso contrário arrisca-se a entrar numa "perigosa via de regressão" para os povos europeus.

"O discurso presunçoso dos eurocratas enfurece os povos (...) Precisamos de mudar políticas e mentalidades para travar o euroceticismo", o nacionalismo e a extrema-direita, disse Tsipras à imprensa.

A vitória do 'Brexit' deve ser "o acordar do sonâmbulo que avança no vazio, uma perigosa via de regressão para os nossos povos", acrescentou.

O primeiro-ministro grego referiu nomeadamente "as políticas de extrema rigidez que agravaram as desigualdades", a política de "migrações 'à la carte'" e o encerramento de fronteiras como fatores que aumentaram o fosso entre o norte e o sul e favoreceram a extrema-direita.

"Este é um dia difícil que confirma a crise de identidade da Europa" e "um golpe para a unificação europeia", disse.

Rajoy apela à estabilidade

O líder espanhol apelou à construção de uma "Europa mais forte e mais competitiva", destacando que este dever ser um "momento de estabilidade".

Mariano Rajoy relembrou ainda que a UE tem neste momento um desafio comum: a "saída ordenada" do Reino Unido da UE.

Reino Unido mantém "papel de liderança" na NATO

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, garantiu hoje que a decisão do Reino Unido de abandonar a UE não se reflete na Aliança Atlântica, onde Londres continua a ter um “papel de liderança”.

“O povo britânico decidiu deixar a União Europeia. Apesar de isso definir o próximo capítulo na sua relação com a UE, sei que a posição do Reino Unido na NATO permanecerá inalterada. O Reino Unido continuará a ser um aliado forte e empenhado na NATO e continuará a desempenhar o seu papel de liderança na nossa Aliança”, salientou Stoltenberg, em comunicado.

O responsável político da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla inglesa) considerou ainda que perante a “maior instabilidade e insegurança”, a aliança “é mais importante do que nunca enquanto plataforma para cooperação entre aliados europeus e entre a Europa e a América do Norte”.

Para o primeiro-ministro holandês, Brexit é um estímulo para reformar a UE

"Trata-se, antes de mais nada, de um resultado decepcionante. É também um estímulo para reformar a União Europeia", declarou o primeiro-ministro holandês Mark Rutte. "A nossa preocupação hoje é limitar o máximo possível as consequências para a Holanda", completou o chefe de Governo.

Mark Rutte rejeitou a proposta do deputado de extrema-direita Geert Wilders de organizar um referendo sobre a saída da Holanda da UE. "Não acredito que exista um grande interesse entre a população para celebrar tal referendo", disse Mark Rutte, que era um fervoroso defensor da permanência do Reino Unido na UE.

Polónia questiona "concepção franco-alemã" da União Europeia

A decisão do Reino Unido de deixar a UE provoca dúvidas sobre a "concepção franco-alemã" de uma união cada vez mais estreita, afirmou o ministro polaco dos Negócios Estrangeiros, Witold Waszczykowski. "Temos de nos questionar sobre o futuro da integração europeia, temos de perguntar se a UE dever seguir para um organismo político com autoridades centrais", disse Waszczykowski.

"É um momento de reflexão, de uma discussão séria para saber se a orientação das mudanças na UE prevista há muitos anos, a concepção franco-alemã, é a que a Europa quer", completou. "A UE, os eurocratas e os políticos europeus deveriam refletir sobre como desenvolver a Europa para evitar novos 'exits'", concluiu.

E ainda... Donald Trump diz que vitória do Brexit “é fantástica”

O potencial candidato presidencial republicano à presidência dos EUA Donald Trump considerou hoje “extraordinária” a vitória do Brexit no referendo britânico de quinta-feira por permitir ao povo britânico “recuperar o seu país”.

“Penso que vai ser excelente. Penso que é extraordinário”, disse Trump à imprensa à chegada ao campo de golfe de Turnberry, na Escócia, de que é proprietário.

Putin denuncia “atitude superficial” do governo britânico em relação às consequências do Brexit

Vladimir Putin denunciou esta sexta-feira a atitude que considerou superficial por parte do governo britânico em relação a uma questão crucial para o país, que é a saída do Reino Unido da União Europeia.

"A organização desse referendo e seus resultados são uma atitude presumida e superficial das autoridades britânicas em relação a assuntos cruciais para o país e para a Europa no seu conjunto", declarou Putin, citado pela agência oficial TASS.

As consequências desta votação, segundo Putin, são globais e é preciso "esperar para saber se serão positivas ou negativas". "Esperamos que nesta nova realidade, a necessidade de construir boas relações triunfe", afirmou Dimitri Peskov aos jornalistas.

Obama garante parcerias especiais com Reino Unido e UE

O Presidente dos EUA, Barack Obama, garantiu hoje, numa mensagem divulgada em Bruxelas, que o país manterá as parcerias com o Reino Unido e com a UE.

“O povo do Reino Unido falou e respeitamos a sua decisão. A relação especial entre os Estados Unidos e o Reino Unido é duradoura e o como membro da NATO, o Reino Unido continua a ser fundamental na política externa, de segurança e económica dos EUA “, disse Obama.

O líder norte-americano realçou ainda que também a relação com a UE é vital, tendo contribuído “para promover a estabilidade, estimular o crescimento económico e acolher a promoção dos valores democráticos no continente e para além dele”.

Secretário-geral da ONU espera que UE se mantenha como "parceiro sólido"

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, manifestou hoje a esperança de que a UE se mantenha como um "parceiro sólido" da ONU, independentemente da decisão do Reino Unido de abandonar o bloco europeu.

“O secretário-geral espera que a União Europeia continue a ser um parceiro sólido das Nações Unidas nas questões humanitárias e do desenvolvimento, assim como da paz e segurança, incluindo a migração”, afirmou Ban Ki-moon num comunicado, citado pela agência France Press.

O diplomata sul-coreano expressou ainda a esperança de que o Reino Unido continue a assumir a sua liderança em muitas áreas, incluindo a do desenvolvimento.

Em relação ao período de transição que agora se inicia até à saída formal do Reino Unido da União Europeia, o secretário-geral das Nações Unidas afirmou confiar na “história comprovada do pragmatismo da Europa e no seu sentido comum de responsabilidade no interesse dos cidadãos europeus”.

China respeita o Brexit e defende uma 'Europa estável'

"Vemos nossas relações com o Reino Unido e a União Europeia de um ponto de vista estratégico e a longo prazo", afirmou Hua Chunying a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Uma "Europa estável e próspera serve os interesses de todos", acrescentou Hua, que insistiu em repetir que a China "respeita a decisão do povo britânico". "David Cameron tomou essa decisão" e a China "respeita-a", afirmou Hua ao ser questionada sobre a demissão do primeiro-ministro britânico.

Papa Francisco fala em "grande responsabilidade"

O Papa Francisco disse esta sexta-feira que o referendo no Reino Unido manifestou a “vontade do povo” e implica "grande responsabilidade" para assegurar o bem da nação e a "coexistência pacífica" no continente.