Um tribunal de Saint-Denis condenou a atriz a pagar uma multa de 20.000 euros, além de 4.000 euros à sua assessora de imprensa por cumplicidade.

Bardot, de 87 anos, conhecida pela defesa ativa da causa animal, enviou uma carta em 2019 ao então delegado do governo da ilha de Reunião, denunciando a "barbárie dos habitantes de Reunião para com os animais".

"Os nativos mantiveram os seus genes selvagens", escreveu a protagonista de E Deus Criou a Mulher (1956), que comparou Reunião à "a ilha do Diabo", cuja "população degenerada" ainda está "imbuída" de "tradições bárbaras".

Estas declarações provocaram uma onda de indignação em França. A então ministra dos Negócios Estrangeiros, Annick Girardin, escreveu-lhe uma carta aberta para a relembrar que "o racismo não é uma opinião, é um crime".

Embora tenha pedido desculpa aos habitantes de Reunião pelo que escreveu, a atriz justificou as suas palavras pelo "destino trágico" dos animais da ilha. Contudo, as desculpas não foram aceites, pois segundo Axel Vardin, um dos advogados que representa os locais, soam a "absurdo".

"Fala de reminiscências e de canibalismo. Na verdade, é uma reminiscência de um pensamento colonialista", explicou durante o julgamento. As suas palavras são "dolorosas", acrescentou Vardin.

Para a advogada de defesa, Catherine Moissonier, defender animais "é a vida de Brigitte Bardot". A angústia dos animais "é uma realidade em Reunião", acrescentou.

Bardot, cansada do desgaste da fama e da perseguição dos paparazzi, decidiu em 1973, aos 38 anos, terminar a sua carreira enquanto atriz e dedica-se, desde então, à sua segunda paixão: os direitos pelos animas.