"Não penso que [Trump] vença, mas o facto de concorrer já é uma grande vergonha para quem é americano", afirmou ontem Bruce Springsteen em entrevista ao Skavlan, um programa de entrevistas exibido na Noruega e na Suíça. Trump sabe como dizer aos seus eleitores "algumas coisas que eles querem ouvir", acrescentou o músico. "Nós temos alguns problemas nos Estados Unidos - tremendas desigualdades na distribuição de riqueza - que são terra fértil para a demagogia", afirmou Springsteen. "Ele tem uma resposta muito simples a todos esses problemas muito, muito complexos".

Springsteen, que conta com várias músicas sobre as questões da classe trabalhadora americana, disse que entende como Trump consegue ser tão "persuasivo" com as pessoas economicamente inseguras. "O absurdo está além de ser caricato. Mas ele está suficientemente perto (da Casa Branca) e isso pode nos deixar nervosos".

Esta entrevista foi gravada antes do lançamento, na próxima semana, do livro autobiográfico "Born to Run", onde Bruce Springsteen descreve as suas memórias de infância em Nova Jersey e a ascensão à fama. O autor de "Born in the USA", famoso pela sua energia nos palcos, tem muitos grupos de fãs devotos há décadas, incluindo o próprio governador de Nova Jersey, Chris Christie, que é também um dos maiores defensores de Trump.

Springsteen insiste há anos que a sua música fala por si, mas tem se mostrado mais aberto politicamente desde a eleição de 2004, quando fez campanha por John Kerry na sua tentativa mal sucedida de conquistar a Casa Branca.