O processo disciplinar foi instaurado pelo comando do Regimento de Engenharia 1, Tancos, ao militar responsável pelo controlo de entradas e saídas das cargas dos paióis e paiolins de Tancos, decorrendo os prazos de reclamação e recurso, disse à Lusa o porta-voz do ramo.

A 18 de outubro, a Polícia Judiciária Militar recuperou quase todo o material militar que tinha sido furtado da base de Tancos no final de junho, à exceção das munições de 9 milímetros.

Contudo, entre o material encontrado, num campo aberto na Chamusca, num local a 21 quilómetros da base de Tancos, havia uma caixa com cem explosivos pequenos, de 200 gramas, que não constava da relação inicial do que tinha sido roubado.

A revelação da discrepância foi feita no passado dia 31 de outubro pelo chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, que solicitou ao comando do Regimento de Engenharia 1 que averiguasse o motivo da falta daquele item na relação do material furtado.

O porta-voz do Exército, tenente-coronel Vicente Pereira, disse que o militar em causa já foi notificado da pena atribuída mas não quis adiantar qual foi a punição por decorrerem ainda os prazos legais de reclamação e recurso.

Questionado sobre os outros três processos disciplinares abertos no mesmo Regimento na sequência do furto do material, em Tancos, o porta-voz do Exército adiantou que um dos militares, uma praça, já cumpriu a pena, seis dias de proibição de saída.

Os outros dois militares já foram notificados da punição no início de dezembro, e os prazos de reclamação e recurso já terminaram mas, devido a ter coincidido com os feriados da quadra natalícia, o comando do Exército decidiu aguardar mais uns dias para confirmar a receção ou não de alguma reclamação ou recurso.

O aparecimento de uma caixa de material que não constava da relação inicial do material roubado na base de Tancos suscitou polémica, com o CDS-PP a exigir explicações do general Rovisco Duarte no parlamento.

À porta fechada, o general disse que a discrepância pode ser "compreensível" mas é "inaceitável", segundo fontes presentes na reunião ouvidas na altura pela Lusa, e prestou ainda esclarecimentos sobre o plano para o reforço da segurança das instalações militares.

A violação dos perímetros de segurança dos Paióis Nacionais de Tancos e o arrombamento de dois 'paiolins', e o desaparecimento de granadas de mão ofensivas e munições de calibre nove milímetros foram divulgados pelo Exército no dia 29 de junho.

A 31 de outubro, o Exército deu por concluído o o esvaziamento dos paióis de Tancos e a transferência do material para outras instalações do ramo e também da Força Aérea e da Marinha.

Quanto à base de Tancos, poderá ser reconvertida num campo militar à semelhança do de Santa Margarida.

[Notícia atualizada às 22:47]