"Seria incompreensível face à natureza de um estabelecimento ter o nome de supermercado e não de mercearia que um pudesse abrir a uma hora e outro a outra. O que fizemos foi [colocar os supermercados] a abrir às 8h00", justificou ainda Medina.

Em declarações à SIC Notícias, enfatizou que considera "lamentável" que exista um "aproveitamento" por parte de cadeias comerciais para num período tão difícil decidir contornar "as regras".

"Acho que isto é tudo lamentável. Anúncios de promoções especiais, de vendas de brinquedos durante estes horários, para estar a ir buscar clientes aproveitando uma situação de dificuldade coletiva. É condenável. E, por isso, as regras vão ser comuns para todos [de forma] a tentar fazer aquilo que é preciso nestes dias", começou por explicar.

Desta forma, é preciso "proteger as pessoas, as pessoas ficarem em casa, mas terem acesso aos bens fundamentais que necessitam, com horários que seja razoáveis, mas não compactuar com aqueles que procuram no meio destas dificuldades todas irem buscar o lucro ao vizinho do lado e muitas vezes o vizinho mais pequeno e até mais necessitado", reiterou.

Adicionalmente, de acordo com uma informação enviada à agência Lusa, a autarquia informava por comunicado que "tendo vindo a público a intenção de algumas grande superfícies comerciais abrirem às 06:30 da manhã nos próximos fins de semana, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa emitiu hoje um despacho clarificando que o horário de abertura dos estabelecimentos comerciais nos próximos dois fins de semana será às 08:00 da manhã".

A Câmara de Lisboa informa ainda que não será "aceite a abertura antecipada antes dessa hora a qualquer estabelecimentos comercial ou de venda a retalho".

Já esta manhã, a coordenadora do BE, Catarina Martins, tinha afirmado que "não pretende ter uma polémica sobre cada uma das medidas de restrição", mas queria deixar claro que "não tem sentido que os hipermercados possam aumentar uma concorrência desleal para com o pequeno comércio, alargando ainda mais os seus horários".

Depois deste anúncio, o presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP), o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, pediu ao Governo se pronuncie sobre os horários de abertura das superfícies comerciais nos fins de semana e critica "decisões individuais" que "podem pôr em risco o espírito das regras".

O sindicato dos trabalhadores de supermercados confirmou também à agência Lusa ter recebido queixas sobre abertura antecipada para as 06:30 no fim de semana e diz que "com ou sem estado de emergência, os direitos dos trabalhadores não estão suspensos".

Recorde-se que na quarta-feira, a Jerónimo Martins anunciou que iria antecipar a abertura da "maioria das suas lojas" Pingo Doce para as 06:30, no fim de semana, devido às limitações de circulação impostas devido à pandemia de covid-19, para evitar a concentração de pessoas durante a manhã.