“Dada a questão da complexidade da intervenção, nós já estamos a trabalhar com a Associação de Alojamento Local (…) para, neste período de várias semanas em que vai decorrer a intervenção, as pessoas poderem ter uma normalidade básica”, afirmou Carlos Manuel Castro, aludindo ao realojamento dos moradores afetados em apartamentos habitualmente destinados a turismo na cidade.

De acordo com o autarca, que falava na reunião da Assembleia Municipal, o objetivo é que os residentes que tiveram de deixar as suas habitações “possam estabelecer a sua regularidade quotidiana”, condições que, a seu ver, “não se garantem” num hotel.

De acordo com fonte da autarquia, a medida abrange os moradores “que quiserem” optar por esta solução.

Parte do muro (de propriedade privada) do condomínio Vila da Graça, no bairro Estrela d'Oiro, ruiu pelas 05:40 do dia 27 de fevereiro, provocando um deslizamento de terras para as traseiras de cinco edifícios da Rua Damasceno Monteiro (dos números 102 ao 110).

Segundo a Câmara de Lisboa, o muro colapsou com o peso das terras.

Entretanto, a autarquia tomou posse administrativa do terreno - incluindo o muro e a zona envolvente -, para dar início às obras de requalificação, de forma a resolver o problema e evitar novos desabamentos.

Ao todo, são 78 as pessoas realojadas, dos prédios situados nos números 102, 104, 106, 108 e 110. Cerca de metade estão em casas de familiares e as restantes pernoitam em hotéis na cidade.

Nos últimos dias, os residentes - que há anos viviam com receio desta situação - têm vindo a retirar alguns bens das suas casas, o que não dura mais do que uma hora e é coordenado pelas autoridades no local.

Também a rua continua interditada à circulação automóvel para serem feitas as obras.

Segundo Carlos Manuel Castro, a prioridade inicial da autarquia foi “apoiar e realojar as pessoas”.

“A Câmara, em momento algum, falhou à sua responsabilidade, desde logo no apoio à população”, vincou o autarca, adiantando que se seguirá o apuramento de responsabilidades.

O tema esteve em apreciação na reunião através de uma recomendação do CDS, que visava apurar as culpas da ocorrência e que foi aprovada por unanimidade.

Para o deputado centrista Diogo Moura, “existe uma responsabilidade partilhada entre o privado e o município”.

Visão diferente tem o independente (eleito na lista do PS) Nunes da Silva, para quem “não é só a Câmara que está em causa”, mas também “os técnicos que substanciam os projetos de construção que ali foram feitos”.

“Infelizmente, [os técnicos que assinam os projetos] não têm sido chamados à responsabilização quando há asneiras, o que parece ter sido o caso”, observou.

Pelo BE, Ricardo Robles defendeu a necessidade de “perceber o que aconteceu (…) para precaver situações semelhantes no futuro”.

Por seu lado, os deputados Victor Gonçalves (PSD) e Miguel Santos (PAN) alertaram para a necessidade de acautelar o risco sísmico, por temerem “desfechos mais gravosos”.

Em resposta, o vereador Carlos Manuel Castro disse para “não se confundirem as coisas”, visto que não se tratou de um terramoto.

Na ocasião, foi ainda aprovado por unanimidade um documento do PS que destacava a “rápida intervenção” dos meios de socorro.