“É uma eleição renhida, temos de esperar pelo resultado. Um resultado é o emitido pelo Servel (Serviço Eleitoral), mas se esse resultado for muito próximo, é evidente que os responsáveis pela mesa têm um papel a desempenhar e isto poderia chegar a ser resolvido nos tribunais eleitorais”, disse o líder do Partido Republicano, após ter ido votar, no sul de Santiago.

Kast, de 55 anos, que venceu a primeira volta em novembro, por apenas dois pontos, disputa a presidência chilena com o antigo líder estudantil e congressista de esquerda Gabriel Boric.

Decorre hoje no Chile a segunda volta das presidenciais mais relevantes deste século, num contexto de crise social e de um processo constituinte considerado o culminar da transição iniciada em 1990, finda a ditadura militar de Pinochet.

Dois modelos antagónicos competem nas urnas pela mão do ex-líder estudantil de esquerda Gabriel Boric e do advogado de extrema-direita José Antonio Kast, pondo fim a 30 anos de alternância política entre os dois blocos de centro que partilharam o poder desde o final da ditadura militar de Augusto Pinochet, em 1990, o que faz deste ato eleitoral, juntamente com o referendo por uma nova Constituição de outubro de 2020, o mais importante da história recente do país.

Sistema de saúde universal e pensões de sobrevivência, feminismo e ambientalismo são as bandeiras de Boric, ao passo que Kast aposta no discurso anti-imigração, da família tradicional e do neoliberalismo.

Boric, de 35 anos e líder da Frente Ampla, representa a parte da sociedade chilena que quer “mudanças profundas” e que participou nos massivos protestos pela igualdade de 2019: quer melhores pensões, educação, saúde e põe muita ênfase no ambientalismo e no feminismo.

Kast, o candidato da extrema-direita, de 55 anos, é católico, pai de nove filhos, parte de um clã familiar que teve laços políticos com a ditadura de Pinochet, um regime com o qual se mostrou complacente em diversas ocasiões, e é mais favorável à manutenção do ‘statu quo’ e à colocação dos valores conservadores e da família no centro de tudo.

Segundo os especialistas, a eleição do sucessor do conservador Sebastián Piñera será decidida voto a voto, uma vez que caberá aos eleitores que na primeira volta votaram nos candidatos do centro, agora eliminados, escolher um dos dois ainda na corrida, e eles têm vindo a moderar o seu discurso por forma a captar esses votos em matérias como tributação e pensões.