O cardeal-patriarca de Lisboa celebrou na quinta-feira à noite a última “aparição” de 13 de outubro de 1917 e este domingo vai celebrar outra missa no Santuário Nossa Senhora de Fátima-Maria Medianeira, em Paris.

Em conferência de imprensa, Manuel Clemente disse hoje que “tinha de vir alguém de Portugal” celebrar o centenário e sublinhou que o Santuário Nossa Senhora de Fátima de Paris “tem um impacto muito grande não só na cidade mas além da cidade” e “não só na comunidade portuguesa mas além dela”.

“É importante haver um santuário português aqui em Paris e é importante haver um santuário de Fátima em Paris. As coisas ligam-se muito bem não só pelo que Fátima é em Portugal mas porque os portugueses que aqui se reúnem transportam aquilo que é tão próprio e identificativo do católico português que é esta expressão mariana”, afirmou.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse aos jornalistas que Fátima “acaba por ser e também começa por ser” um marco da identidade portuguesa e lembrou que hoje é “um altar do mundo” porque “quem vai hoje a Fátima encontra ali o mundo todo”.

Na conferência de imprensa, Manuel Clemente abordou vários assuntos da atualidade que a Igreja Católica acompanha, nomeadamente, o fluxo migratório para a Europa, lembrando que quando se chegar “à metade deste século, a maioria da população da Europa não será autóctone”, algo que vê como positivo e com esperança.

“É positivo porque isto também pode tornar o nosso continente europeu num balão de ensaio de uma verdadeira globalização que parta daí, do encontro de pessoas, de povos, de culturas, de civilizações e que crie um mundo mais solidário. Essa é a nossa esperança”, afirmou.

O cardeal-patriarca de Lisboa alertou, também, que “os movimentos radicais chamados jihadistas são um prejuízo” tanto para cristãos quanto para os muçulmanos, lembrando que os “movimentos radicais que surgiram no campo islâmico têm muitas vezes como alvo os próprios muçulmanos que eles acham que não são suficientemente religiosos e que são os primeiros a sofrer”.

“Esta corrupção do religioso, transformada num aspeto que vai acirrar as diferenças étnicas, culturais, etc, em contradição com o outro, isto pode acontecer com todos. Eu julgo que dentro do próprio Islão há muita gente e há gente que sente esta problemática tal e qual como eu estou aqui a expressá-la e outros que são apanhados por conflitos interiores e exteriores que fazem da religião um pretexto para a violência. Mas isso é a contradição da religião”, considerou.

Questionado se está preocupado com a ameaça nuclear face à escalada de tensão entre Estados Unidos e a Coreia do Norte, Manuel Clemente disse que “como ser humano” que “ao menos valha uma coisa: o instinto de sobrevivência”.

“Quando as coisas se podem tornar assim tão graves e até calamitosas com um potencial de destruição que a humanidade nunca dispôs, mas que hoje, infelizmente, alguns – muito poucos – dispõem em prejuízo de todos, ao menos que o instinto de sobrevivência faça pensar duas vezes e faça parar à beira do abismo porque isso poderá ser um caminho sem retorno”, avisou.

Durante a deslocação a Paris, Manuel Clemente também visitou a delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian e o Consulado-Geral de Paris, onde teve um encontro sobre a emigração portuguesa.

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