O Parlamento regional da Catalunha iniciou esta quarta-feira, por volta das 11:00 locais (menos uma hora em Lisboa), a sessão de constituição da câmara, mais uma vez dominada pelos partidos independentistas que proclamaram a independência de Espanha em outubro passado.

Nas eleições regionais de 21 de dezembro, os independentistas renovaram a maioria absoluta, com 70 deputados em 135. Apenas oito deles não conseguiram assistir à sessão, porém, por estarem detidos, ou exilados na Bélgica. Entre eles está o líder separatista Carles Puigdemont, que quer exercer a Presidência à distância, a partir da Bélgica, onde se encontra no momento - caso regresse à Catalunha será detido.

Nos lugares vazios, os companheiros partidários colocaram grandes laços amarelos, que se tornaram símbolo dos independentistas para reivindicar a libertação dos políticos presos e o fim da perseguição judicial contra os seus líderes.

"Deveria dizer 'bom dia' ao presidente da Generalitat (o Executivo catalão) e aos membros do governo, mas já viram que não estão aqui", afirmou o independentista Ernest Maragall, discursando na sessão inaugural por ser o deputado mais velho.

"É a primeira vez que uma sessão de constituição de uma legislatura é realizada com o banco do governo vazio", acrescentou.

Hoje, os partidos separatistas conseguiram a presidência da Casa. Nos próximos dias, o Legislativo catalão deve eleger o presidente regional, cargo almejado por Puigdemont.

O deputado Roger Torrent, do partido Esquerda Republicana de Cataluya (ERC), obteve 65 votos contra 56 para o candidato antisecessão.

A eleição do novo presidente do ‘parlament’ decorreu à segunda volta e contou com votos favoráveis dos independentistas, que totalizam 70 lugares - – 34 dos JxCat (Juntos Pela Catalunha, direita separatista), 32 de ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) e quatro da CUP (Candidatura de Unidade Popular, extrema-esquerda antissistema).

A votação teve ainda nove votos em branco.

O Executivo separatista presidido por Puigdemont, que organizou o inconstitucional referendo de autodeterminação no primeiro dia de outubro e levou a região a declarar a secessão em 27 de outubro, foi destituído pelo governo espanhol de Mariano Rajoy.

Dois dos seus membros estão em prisão preventiva em Madrid, enquanto outros cinco - incluindo Puigdemont - vivem na Bélgica, foragidos da Justiça espanhola.